Banda belga usa Palmeiras para viajar pelo Brasil e acumular fãs na Copa

Danilo Valentini

Do UOL, em São Paulo

  • Danilo Valentini/UOL

A terça-feira foi um dia perfeito para os belgas circularem pelas ruas das cidades-sede da Copa comemorando a épica vitória da seleção de seu país contra os Estados Unidos. Dois deles, porém, passaram despercebidos. Apertadinhos em um pequeno palco improvisado de uma casa-bar, Tommy Gontie e Jens Leen estavam a poucos metros da aglomeração de turistas do mundo inteiro que transformaram a Vila Madalena no coração da Copa do Mundo em São Paulo. Tocando pop-rock para menos de 20 pessoas, sendo apenas um deles vestido com a camisa da belga. A maior parte dos fãs, porém, usava outra camisa de futebol: a do Palmeiras.

Os dois formam o Garcia Goodbye, grupo inspirado em bandas como Oasis e Blur e que faz um pop que faz um certo sucesso na Bélgica e que gravou uma versão do hino do Palmeiras depois de terem conhecido o clube em 2011, quando vieram para gravações em uma rádio de São Paulo e na antiga emissora MTV. A música virou um certo sucesso entre palmeirenses e passou a ser executada nas apresentações que o duo faz nos programas de TV da Bélgica. Para turbinar a divulgação da banda, Gontie e Leen fizeram contatos com um produtor brasileiro e vieram para o Brasil para aproveitar a Copa do Mundo para fazer shows e divulgar o som da banda.

"Depois que conhecemos o clube, passamos a acompanhar a história e as notícias e acabamos nos envolvendo emocionalmente com o Palmeiras. Mas é claro que isso também é uma ótima forma de divulgarmos nosso trabalho", diz Tommy Gontie, de 37 anos, nascido nos arredores de Bruxelas e que assume que não era muito ligado em futebol antes de adotar o Palmeiras como time e estratégia de marketing. "Nunca tive time na Bélgica, e gosto do Manchester City por causa do Kompany", diz o guitarrista e vocalista do Garcia Goodbye, citando o zagueiro e capitão da Bélgica que defende o clube inglês.

Acostumados a plateias pequenas em clubes da cena rock´n roll de países como Holanda, Turquia e até Luxemburgo, o grupo belga não se intimidou com a pequena plateia paulistana. Tocaram suas músicas, fizeram um cover de "Like a Virgin", de Madonna, e encerraram o show com a pista virando arquibancada, com palmeirenses pulando na hora do hino do clube, tocado no violão. Em um canto, vestido de sapatos sociais, calça vermelha, camisa oficial da seleção da Bélgica e um cachecol, um senhor acompanhava tudo discretamente. Era Didier Vanderhasselt, cônsul-geral do país europeu em São Paulo.

O diplomata foi procurado pelo produtor brasileiro do Garcia Goodbye, achou interessante e apresentou ao embaixador belga  no Brasil. A representação da Bélgica no país achou que havia ali uma ótima forma de aproveitar a Copa do Mundo para fazer o grupo tocar no país mostrando um pouco de aspectos pouco conhecidos da Bélgica. Vanderhasselt foi ao  show, bateu o pé para acompanhar o ritmo e propôs aos músicos uma oportunidade de divulgação única: levá-los a Brasília, no sábado, para tocarem em um evento para torcedores dos "Diabos Vermelhos" antes do jogo contra a Argentina, pelas quartas de final da Copa.

"O problema é que a passagem aérea para Brasília está muito cara, quase R$ 3 mil para quem compra de última hora. E os ônibus já estão tomados todos pelos argentinos, e não dá para disputar com argentinos na hora do fanatismo", brincou Vanderhasselt, que afirmou que deve ir de carro de São Paulo até a capital federal, um trajeto de 1.005km.

Mesmo que o orçamento da embaixada da Bélgica do país não seja alto para levar o Garcia Goodbye para o local do jogo que pode recolocar a seleção belga em uma semifinal depois de 28 anos, Gontie não vai deixar de acompanhar de perto os jogos de sua equipe, como fez nesta terça, em um bar.

"Adoramos a atmosfera positiva das pessoas que vêm assistir aos jogos na Vila Madalena", contou o guitarrista, que ficou empolgado com a apresentação da equipe que ficou conhecida como sendo  formada pela "ótima geração belga". "Os primeiros jogos foram decepcionantes mesmo, não esperava que eles fossem jogar tão pouco depois do que fizeram nas  eliminatórias. Mas contra os Estados Unidos eles foram ótimos".

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