Existe em São Paulo um temor quase tão grande quanto o contingente de argentinos que a cidade vai receber nas próximas horas. Muitos dos turistas do país sul-americano ainda procuram ingressos para o jogo de terça-feira, contra a Suíça, válido pelas oitavas de final da Copa de 2014. Com a alta demanda, os hermanos estão assustados por só encontrarem dois tipos de entradas: as muito caras e as muito baratas.

As muito caras são um reflexo óbvio. Segundo turistas argentinos, o preço médio de um ingresso para o jogo de terça-feira é US$ 1,5 mil. Como comparação, os mesmos torcedores disseram que encontraram bilhetes para Brasil x Chile por US$ 900.

O que chama atenção é a questão dos ingressos "muito baratos". Argentinos encontraram entradas com preços próximos dos valores praticados pela Fifa, e isso também assustou.

"Não somos os mais vivos, mas também não somos os mais tontos. A esta altura da Copa, não se encontra um ingresso por um valor assim. As entradas estavam muito baratas, e nós desconfiamos. Deixamos de comprar", contou Patricia Ciuffo, que viajou da Argentina ao Brasil com o marido.

Claudio Peman, que viajou ao Brasil com mais cinco pessoas em um motorhome, também deixou de comprar tíquetes: "Na Argentina havia ingressos por US$ 500, mas ficamos com medo. Era muito longe, e as entradas estavam abaixo do preço de outros lugares. Preferimos buscar algo mais perto do estádio, mas chegamos aqui e não encontramos".

O jogo entre Argentina e Suíça será disputado em São Paulo. O Sambódromo do Anhembi, na zona norte, abriu espaço para 500 veículos de turistas que quiserem acampar na cidade. Se o número de turistas for maior, eles serão encaminhados ao Autódromo de Interlagos.

A reportagem do UOL Esporte visitou o Sambódromo no início da tarde desta segunda-feira. Nenhum dos torcedores abordados no local tinha ingresso para o jogo de terça, e nenhum deles conhecia alguém que tivesse.

"Está muito caro. Viemos para cá para mostrar nosso apoio à Argentina, mas não vamos pagar US$ 1,5 mil numa entrada. Se não conseguirmos nada melhor, vamos assistir ao jogo no Fifa Fan Fest", afirmou Peman.

As histórias dos torcedores que estão acampados no Sambódromo são bem similares: argentinos que viajaram ao Brasil de carro ou ônibus, sempre em grupo, quase sempre com recursos escassos.

É o caso de Marcelo Simonini, um dos cinco integrantes de um grupo que percorreu em um Ford Falcon o trajeto entre Argentina e Brasil. A comitiva chegou a dormir uma noite no carro em Florianópolis.

"A Argentina cruzou a fronteira unida. Queremos a Copa, e estamos todos juntos por isso", explicou Simonini. Nenhum dos cinco turistas do Ford Falcon tem ingressos para o jogo de terça-feira.