Tem Copa em Berlim, com direito a 'eu sou brasileiro' e fãs de Hulk
Estefani Medeiros
Especial para o UOL, em Berlim (ALE)
"Vai pra casa Chile, nós pagamos muito caro por esta Copa", comemorava uma torcedora brasileira no fim da partida deste sábado (28), em português alto e claro. Cercados por uma praia artificial e bandeirinhas coloridas, brasileiros acompanharam o jogo da seleção em Berlim, na Alemanha, no clima típico de festa junina.
Do cardápio, coxinha, brigadeiro, caipirinha e feijoada eram os pratos mais pedidos. Para matar a saudade dos quitutes, que custavam entre dois e oito euros, muitos passaram os 45 minutos do primeiro tempo na fila. "Nós aproveitamos para comer muito pão de queijo e churrasco. Mas não gostamos da versão da coxinha, ela é feita com massa de milho e ervilha, preferimos a tradicional", disse a estudante Bianca Jordão, 26.
O produtor de moda Matheus Sampaio segurava dois pratinhos, um com uma coxinha em cima da moqueca e outro que amontoava risóles, bolo de banana, beijinhos, pudim de leite e torta de frango. "É só para garantir o segundo tempo", justificou entre risos. Na cozinha, uma placa anunciando o quentão a 3,50 euros dividia espaço com uma foto do grafite do artista brasileiro Paulo Ito, impresso e transformado em quadro pelo estabelecimento.
Dentro da programação nacional, ainda teve quadrilha e futebol para as crianças. Mas quando chegou 18h (horário de Berlim, 13h em Brasília), só deu Brasil no campo. "O povo tá lá e a gente aqui sem fazer nada? Vamo animar, vamo puxar a torcida. Porque tá todo mundo triste? Eeeeeu sou brasileiraaaaaa", convocou uma torcedora ansiosa na tensão do segundo tempo. Silêncio.
Para as dezenas de pessoas que se apertaram para assistir a partida em duas TVs domésticas, o narrador alemão anunciava Neymar como "a super estrela absoluta da Copa do Mundo". Mas nos comentários da torcida, era Hulk o favorito. "Hulk, sua bunda é gostosa, mas eu quero gol", comentava uma torcedora. "Brasileiro não é só bunda não minha gente", reclamou outro quando o jogador perdeu o pênalti.
A organizadora Paula Daunt diz que produz festas juninas há quatro anos em Londres e Berlim. "É sempre cheio, nesse ano a Copa foi uma coincidência", comentou. Sobre seus favoritos, ela diz torcer para o Brasil, mas preferir a Alemanha. "Eles jogam com unidade, não tem uma estrela", palpita.
Teve quem fosse para o evento mais pela programação cultural do que pelo jogo. "Eu adoro futebol, mas não estou acompanhando a Copa, esse é o primeiro jogo que assisto, com tanta coisa acontecendo, não estou animando de torcer", disse a carioca Juliana Dantas. Mas não teve quem segurasse a emoção quando o lateral direito Gonzalo Jara acertou a trave. Até os gringos choraram. "Foi um jogo muito sofrido, mas estou torcendo para o Brasil", disse a britânica Alexandra Howsham enquanto enxugava as lágrimas.
Entre os chilenos, que estavam em igual proporção, mas em um galpão fechado, foi um jogo difícil. "O jogo foi duro e, para nós, Valdivia fez falta. O Brasil jogou bem, mas enfrentará seleções mais fortes. A Holanda é um time bem mais agressivo", comentou o torcedor Jorge Duján, que agora torcerá pela Alemanha. Enquanto a torcida chilena partia e guardava suas bandeiras, o churrasqueiro colocava mais carvão na brasa e o forró começava a tocar alto na festa. "Vai ter copa", gritavam os torcedores.