"A Colômbia será testada contra o Brasil", afirma Roberto Carlos

Santiago Aparicio

Da EFE, em Fortaleza

  • Ben Radford /Allsport/Getty Images

    O lateral-esquerdo Roberto Carlos foi titular em todos os jogos do Torneio da França

    O lateral-esquerdo Roberto Carlos foi titular em todos os jogos do Torneio da França

O ex-lateral Roberto Carlos, campeão mundial pela seleção brasileira em 2002, afirmou estar positivamente surpreso com o bom futebol da Colômbia e do meia James Rodríguez, mas destacou que o verdadeiro teste para 'Los cafeteiros' e o jovem jogador do Monaco será contra a equipe de Luiz Felipe Scolari, na próxima sexta-feira.

Em entrevista concedida à Agência Efe, o ex-jogador, agora técnico do Sivasspor (Turquia) e comentarista de televisão, disse também que o espanhol Iker Casillas deve assumir seus erros nesta Copa do Mundo, mas garantiu que o goleiro voltará a atuar em grande nível. Ele também demonstrou surpresa com a eliminação precoce da Espanha da Copa do Mundo.

Agência Efe: Em linhas gerais, qual a sua opinião sobre a Copa no Brasil?

Resposta: A Copa está divertida, para os que ainda estão na competição, claro. Estamos com grandes seleções. Tínhamos muita preocupação com o término das obras, a questão da segurança, entre outros pontos, mas tudo está acontecendo de forma perfeita até agora.

Efe: O que mais te chamou atenção nesta Copa?

R: James Rodríguez, o Brasil que ainda não jogou tudo o que pode, e as seleções fortes que já foram eliminadas: Inglaterra, Espanha e Itália.

Efe: São equipes poderosas que possuem grandes campeonatos nacionais. O que aconteceu?

R: Sempre são apontadas desculpas relacionadas ao clima. Quando jogávamos no Japão ou íamos à Europa tínhamos a mesma dificuldade. Aqui estão as melhores seleções. Não é que Espanha, Inglaterra ou Itália não sejam boas, mas quem permanece na disputa possui outras qualidades: força e responsabilidade.

Efe: Nenhuma seleção da Europa venceu uma Copa disputada na América. O clima é uma desculpa?

R: A adaptação ao clima ou à cidade onde será realizado o jogo não pode ser justificativa para uma eliminação. Uma Copa do Mundo são 30 dias de competição mais outros de preparação. Não falta tempo. Mas quando todos os jogadores não estão focados na competição, surgem os problemas. Esta está sendo uma Copa diferente, que está surpreendendo a todos. Algumas seleções estão apresentando um grande futebol.

Efe: Como a Colômbia, por exemplo?

R: A Colômbia é uma boa equipe. A seleção colombiana é boa. Não é só James Rodríguez. Ele é muito bom, um grande jogador que estava jogando bem pelo Monaco. Eu vejo todos os campeonatos nacionais pelo mundo, e o francês tem um nível muito alto. Quando um jogador de uma seleção aparece mais que os outros, é porque os demais não acompanham o mesmo nível. Veremos o que vai acontecer depois do jogo contra o Brasil. Fernandinho ou Paulinho devem tirar os espaços dele. Veremos se o verdadeiro James é a sensação do momento, como Neymar e Messi.

Efe: Você acreditava que a Espanha estaria nas oitavas de final?

R: Sim. Pela qualidade que todos possuem. Não posso falar o que aconteceu, se teve algum tipo de problema, porque não estive lá dentro. Mas surpreendeu. Algo raro aconteceu para que Espanha não ganhasse os jogos nem fizesse uma competição como fez na Eurocopa ou na outra Copa do Mundo.

Efe: Você acredita que a razão da derrota foram falhas individuais ou foi uma derrota coletiva?

R: Na derrota, todos perdem, e, na vitória, todos vencem. Iker, pelo que dizem, pode não estar no seu melhor momento, mas também faltou ajuda. Foi estranho. Faltou algo para que o campeão fosse tão bom quanto os outros.

Efe: Ele voltará a jogar no mesmo nível?

R: Dois jogadores não podem errar: o atacante e o goleiro. Quando eles erram, todos percebem, e as críticas se multiplicam. Iker deve assumir sua responsabilidade. Tem uma história, um legado. Não vamos esquecer sua história. Tem contrato com o Real Madrid e continuará sendo Iker, o grande capitão. Ele deve se recuperar para ser o que sempre foi. Ele não esqueceu como jogar, tenho certeza. Como seu amigo, sinto muito por ele e pela seleção, mas, ao mesmo tempo, peço que melhore. No futebol, não vivemos do passado, mas do presente. É preciso se levantar e ver o que pode ser feito".

Efe: Acabou o 'tiki-taka'?

R: Não acabou o estilo de jogo nem o 'tiki-taka'. A Espanha tem seu estilo, assim como o Brasil. Passe, passe e passe, jogo lento. Isso começou em 1970 e continua com a seleção".

Efe: Mas isso não é o que vemos com a equipe do Brasil nesta Copa do Mundo.

R: É verdade que não é o que se vê agora, mas o estilo está dentro da equipe. Ele continua. Algo ruim está acontecendo para que eles não estejam bem agora, mas alguma coisa boa foi feita para chegar até aqui. Estive na Copa das Confederações e vi uma atmosfera muito boa, um grande ambiente, uma família, muita amizade entre os jogadores. Não jogam bem, mas existe uma família que faz com que, dentro do campo, as coisas deem certo. Solidariedade entre os jogadores. Todos podem pedir um pouco mais ao companheiro, e isso se torna mais fácil quando as coisas não vão bem".

Efe: O que você pode dizer sobre a última temporada do Real Madrid?

R: Estou feliz pela conquista da 'décima' (Liga dos Campeões). Durante toda a temporada foram muitos altos e baixos, mas o Real Madrid é sempre o Real Madrid. Vamos rumo à 11ª".

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