Temores que não se confirmaram na Copa. E os medos que viraram verdade

Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski

Do UOL, do Rio de Janeiro

  • AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA

    Secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke (centro), fez elogios ao início da Copa do Mundo de 2014

    Secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke (centro), fez elogios ao início da Copa do Mundo de 2014

A Fifa e o COL (Comitê Organizador Local) viviam um clima de expectativa e tensão antes da Copa de 2014: temiam os tamanhos dos protestos, os problemas de transporte dentro e fora das cidades, o funcionamento de estádios recém-acabados. Mas boa parte desses medos não se confirmou, concluída a primeira fase do Mundial. Não que a organização tenha sido perfeita: houve, sim, problemas esperados e inesperados nesta fase inicial.

Desde os primeiros dias do Mundial, Fifa e governo federal têm manifestado o alívio pelas manifestações diminutas durante a Copa, bem menor do que os públicos em estádios, Fan Fests ou até treinos de times. No total, o público em jogos foi de 2,4 milhões de pessoas. "O público está no jogo, e não em protestos", afirmou o presidente da federação internacional, Joseph Blatter.

Aliado a esse fato, houve um aumento significativo na média de gols e uma festa nas ruas. Isso levou o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, a dizer que o Brasil está no caminho de realizar uma das maiores Copas da história.

Os aeroportos brasileiros, ao contrário do que se temia, aguentaram bem o fluxo de turistas. Hotéis também forneceram número suficiente de acomodações para os turistas no país. As maiores reclamações foram em relação aos preços.

Dentro da cidade, a maior parte do sistema de transporte funcionou. Mas houve problemas sérios em Recife quando uma chuva forte atingiu à cidade e causou alagamentos e congestionamento.

Em relação aos estádios, o governo federal fez uma avaliação positiva. A verdade é que houve pontos bastante positivos no seu funcionamento, assim como itens que não estiveram abaixo do padrão de Mundiais. As acomodações, a atmosfera, e a estrutura de transmissões de TV foram pontos altos.

Mas, como itens negativos, houve problemas nos acessos, na alimentação e na internet dentro das arenas. Pior de tudo foi a questão da segurança. O Maracanã foi invadido, duas vezes, uma delas com seriedade por mais de 100 chilenos. Já o Itaquerão teve um episódio que quase acabou em morte por falta de comunicação de policiais presentes. E houve seguidos objetos proibidos que entraram em todas as arenas.

"Existem coisas que precisam ser corrigidas. Não houve erros estruturais que afetassem o evento. As medidas para sanar os problemas foram tomadas. Não houve uma falha operacional que botasse a Copa em risco", afirmou o secretário do Ministério do Esporte, Luis Fernandes.

Ele admitiu que a entrega atrasada dos estádios provocou um desafio de operação. "Sobrecarregou a parte da organização. Coisas que faríamos em sequência, tiveram que ser feito em paralelo. Teve um custo."

Temores que não se confirmaram na Copa
  • Caos aéreo não aconteceu
    Os seguidos atrasos em obras em aeroportos de cidades-sede da Copa do Mundo pôs em xeque a capacidade do país de receber seleções e turistas durante o Mundial. A estrutura dos terminais pode até não ser a planejada. Entretanto, até agora, não houve o temido ?caos aéreo? no Brasil. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a quantidade de atrasos de voos está abaixo da média mundial.
  • Protestos? Onde?
    A onda de protestos durante a Copa das Confederações criou um temor: será que as manifestações podem comprometer a Copa do Mundo? Hoje é possível dizer que não. A quantidade de pessoas que foi às ruas durante o Mundial é muito menor do que há um ano atrás. Durante a Copa das Confederações, um protesto no Rio chegou a reunir 300 mil pessoas. No Mundial, nenhum chegou a ter 5 mil manifestantes.
  • Greves iriam parar o país. Mas ele não parou
    Dias antes do início da Copa do Mundo de 2014, uma série de categorias ameaçou entrar em greve e até chegaram cruzar os braços: policiais, aeroviários, metroviários, etc. Com todos esses trabalhadores insatisfeitos, criou-se um risco: e se tudo parar? Porém não parou. O governo cedeu, trabalhadores cederam e os serviços essências para a Copa do Mundo têm funcionado.
  • Trânsito fluindo, na medida do possível
    A tão prometida melhoria na mobilidade urbana das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 não aconteceu. As obras não ficaram prontas para o Mundial e chegou a se pensar que torcedores teriam dificuldade para chegar os estádios e se locomover. Contudo, esquemas especiais de transporte foram montados, feriados decretados e ?caos no trânsito? não comprometeu o Mundial.
  • Brasil tem hotéis? Tem!
    Chegou-se a pensar que o Brasil não teria hotéis suficientes para receber turistas e seleções durante a Copa do Mundo de 2014. Está provado: tem. No Rio de Janeiro, cidade que atrai o maior número de turistas durante o Mundial, a rede hoteleira tem 90%de ocupação, na média. Essa taxa é semelhante a de outros grandes eventos que acontecem na cidade como Carnaval e Réveillon.
  • Apagão não aconteceu
    A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) apontou algumas vezes atrasos em obras para reforço do sistema elétrico brasileiro para o Mundial. Reforçado ou não, o sistema até agora funcionou bem. Não foram registradas quedas de energias em cidades-sede da Copa do Mundo. Em estádio, aliás, sequer houve qualquer falha no abastecimento de energia.
O que não deu certo até agora na Copa
  • Segurança teve problemas
    A segurança dos estádios da Copa do Mundo de 2014 teve problemas. Só no Rio de Janeiro, o Maracanã foi invadido por torcedores sem ingressos por duas vezes. Na segunda, mais de 87 pessoas entraram correndo no estádio pela sala de imprensa. Em Cuiabá, torcedores chegaram acessar o estádio com rojões, o que é proibido.
  • Gramados tiveram que ser preservados
    Os gramados dos estádios da Copa não suportaram a rotina de jogos e treinamentos do torneio. Tanto é assim que a Fifa foi obrigada a passar a preserva-los depois das primeiras rodadas do Mundial. No Maracanã, treinos de reconhecimento de gramado foram cancelados. O mesmo foi feito para preservar o Mineirão.
  • Cadê a internet nos estádios?
    A falta de acesso aos serviços de internet e telefonia móvel em estádios da Copa do Mundo de 2014 é uma reclamação recorrente. Apesar de o governo ter prometido providenciar redes móveis nos locais de jogos, torcedores não conseguiram enviar fotos, telefonar ou usar redes sociais com seus celulares.

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