Copa do Mundo decepciona comércio e restaurantes; setor prevê perda no Rio

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A Copa do Mundo de 2014 chega nesta sexta-feira ao seu 16º dia. Centenas de milhares de turistas já vieram ao Brasil por causa do torneio e uma boa parte deles já está até indo embora. Até hoje, o Mundial corre sem problemas e a avaliação geral sobre ele é positiva. Mas e o retorno financeiro? Bem, aí é diferente, pelo menos na opinião dos donos de lojas e restaurantes do Rio de Janeiro. Segundo os comerciantes, o tão esperado lucro do Mundial não ainda veio, e nem virá.

Na cidade que mais recebeu e receberá visitantes durante a Copa do Mundo, o clima no comércio e nos restaurantes é de decepção. Alguns estabelecimentos, principalmente os localizados nos arredores de pontos turísticos da capital fluminense, até registram um aumento em suas vendas. Quem representa o todo dos comerciantes cariocas, no entanto, afirma: a Copa não é um bom negócio.

"Se você pensar no comércio como um todo, a Copa do Mundo é ruim", avalia Aldo Gonçalves, presidente do CDL-Rio (Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro). "Os feriados decretados por causa do torneio atrapalham as vendas. Ganha só quem tem uma loja de souvenir ou lembrancinhas."

Segundo Gonçalves, a cada vez que há um jogo do Mundial no Rio ou uma partida da seleção brasileira, o funcionamento das lojas fica prejudicado. Nesses dias, o consumidor também desvia seu foco de atenção e acaba não comprando. O resultado de tudo isso é perda, e das grandes.

"Dá para falar em uma perda de faturamento de até R$ 2 bilhões com a Copa. Um mês normal tem uma faturamento R$ 10 bilhões. É considerável", diz Gonçalves. "Talvez os bares, restaurantes e hotéis comemorem, mas o comércio não."

Acontece que nem os donos de restaurantes estão tão felizes quanto Gonçalves imagina. O presidente do SindRio (Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes), Darcilio Junqueira, também afirma que há uma diferença no movimento de estabelecimentos de lugares turísticos e de locais não turísticos. Na média, o resultado é negativo.

"Quem está na Zona Sul ou ao lado do Maracanã ganha até 20% a mais. Mas quem está fora disso perde até 50%", diz Junqueira. "É muito feriado num mês só."

Hotéis lotados

Junqueira ressalta que só o setor hoteleiro não tem o que reclamar. Segundo ele, a taxa de ocupação é de 90% --semelhante à do Carnaval e Réveillon, duas festas com alta demanda de turistas.

"Eu acho que a Copa do Mundo no Brasil é positiva. Traz gente para cá e mostra nosso país para o mundo. Agora, não dá para pensar que ela da lucro. Isso não dá", argumenta o presidente do SindRio.

Neste ponto, Gonçalves, da CDL, concorda. "Não digo que não tínhamos que fazer a Copa, mas a situação do comércio com o torneio é bastante preocupante."

Governo vê diferente

O governo federal aponta que a Copa do Mundo de 2014 terá retorno financeiro positivo para o país. O investimento total para a realização do torneio está estimado em cerca de R$ 25 bilhões. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, reafirmou na terça-feira em redes sociais que o Mundial trará R$ 30 bilhões à economia brasileira –ou seja, R$ 5 bilhões a mais.

Os dados citados pelo ministro são de uma pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) encomendada pelo Ministério do Turismo. Essa mesma pesquisa indica que a Copa gerou 1 milhão de empregos no país.

A Prefeitura do Rio também considera a realização da Copa algo positivo. Segundo o município, os feriados decretados por causa do evento são uma necessidade do esquema de segurança do Mundial. 

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