Latinos disputam espaço com hippies na Paulista para mostrar arte na Copa

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

Seis dias de viagem de ônibus, caronas em carros e motos, para expor na calçada da avenida Paulista suas obras durante a Copa.

Essa é a epopeia do peruano Perey Otero, de 25 anos, que saiu da capital Lima, no Peru para se aventurar a mostrar sua arte de rua na principal avenida de São Paulo, e aproveitar para diminuir o prejuízo.

"Preciso levantar dinheiro para ajudar minha filha que está no Peru", adverte o jovem artista que produz e expõe seus trabalhos em busca de reconhecimento, mas principalmente dinheiro para realizar seus sonhos.

"Gostaria de conhecer todo o Brasil, mas sei que é muito grande, e aqui tudo está muito caro", reconhece Perey. Com uma filha de sete anos em sua terra natal, ele veio junto com outros artistas da sua região para tentar a sorte por aqui.

Já passou pelo Equador, Colômbia, Chile, Argentina e Paraguai e se esforça em conseguir vender seus desenhos para se manter mais algum tempo por aqui.

Assim como ele, o chileno Marcos Reyes, de 34 anos, também aposta na Paulista como passarela internacional para mostrar seus dotes artísticos. Utiliza resina, papel higiênico e papel cartão para criar cenários bucólicos em tom sépia – um amarelado com aparência de fotos antigas.

Solteiro e pela primeira vez no Brasil, Marcos pretende viajar ainda esta semana para o Rio de Janeiro. "Aqui no hay plata", diz o preocupado turista artista, que tentava barganhar seus quadros por até R$ 10 reais.

Logo ao seu lado, a mesma técnica de pintura era cercada por populares em exibição do peruano Abel Lima, que para se diferenciar, colocava em uma caixa de som, músicas típicas de sua região, e atraia um número maior de curiosos.

"Estou aqui pela arte, o que vendo é o suficiente para comer e me hospedar", diz Abel que vendia seu material mais futurista por até R$ 40 reais.

O mexicano Miguel Valenzuela, de 50 anos, por sua vez empregava técnicas pirofágicas para chamar atenção em trabalho semelhante aos demais colegas latinos próximo ao Conjunto Nacional. "Tenho cinco filhos e uma família brasileira. Na Copa terei de torcer para o Brasil, México, Estados Unidos e Chile", conta o divertido mexicano que na próxima semana pretende ir para Limeira, no interior de São Paulo. "Lá eles valorizam mais o trabalho, e faço vários eventos culturais", revela.

Colombianos fazem som e pulseirinhas para sobreviver na Copa

Outra pessoa acostumada com arte e futebol é o colombiano Person Domingues, que faz e expõe pulseiras artesanais de países da Copa, e as vende em média por R$ 5 reais em frente ao prédio da Fiesp. Ele aproveitou os jogos no Brasil, para conseguir um espaço para "tirar um dinheirinho" como ele mesmo diz, e ajudar nos custos da viagem.

Já o trio colombiano Cafe Tostão veio de Tolima para São Paulo, para unir o útil ao agradável: fazer música, ganhar dinheiro e quem sabe uma namorada.

O grupo de jovens integrado por Juan Dias, 20, Sérgio Losano, 23, e Willian Ordoñez, 21, chegou na cidade no último sábado e pretende ficar até o dia 17 de julho para mostrar aos pedestres sua música cumbria e andina.

Depois de passar pelo Equador, Panamá e Paraguai, para eles a maior dificuldade depois do custo de vida de São Paulo, é o idioma.

"Como vamos arrumar namorada se não sabemos falar português? ", questiona o jovem Juan Dias. "Só se a música falar por mim", brinca.

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