Nova invasão? Chilenos sem ingresso prometem 'dar jeito' de ir ao Mineirão

Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Belo Horizonte

Eles não têm dinheiro, estão sem ingressos para jogos e dormem em barracas de camping em terrenos abandonados em frente à Toca da Raposa, em Belo Horizonte. Ainda assim, prometem entrar no Mineirão para torcer pelo Chile no confronto contra o Brasil no próximo sábado, pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

Mesmo evitando falar na palavra "invasão", um grupo de pouco mais de 50 chilenos se vira como pode para acompanhar a seleção do técnico Jorge Sampaoli e garante que arranjará uma solução para acompanhar a decisão contra os donos da casa.

"Somos loucos mesmo, mas pela seleção. Não queremos exatamente uma bagunça. Mas vamos dar um jeito de entrar no estádio e acompanhar o jogo", garante o comerciante Marcelo Ruíz, de 37 anos, que só se planejou para a primeira fase da Copa e agora depende da sorte para seguir a caminhada chilena no torneio.

Até mesmo uma ajuda dos jogadores da seleção está na lista de possíveis soluções para que os sem ingressos acompanhem o jogo.

"Vamos ficar aqui na frente do centro de treinamento até sábado. Queremos conversar com jogadores ou dirigentes. Escutamos de gente da seleção que eles poderiam nos ajudar. Vamos ver. Se não der, teremos que nos virar. Outro problema é que o site da Fifa está complicado. Não conseguimos comprar lá. Sei que vamos ver o jogo", garantiu o otimista torcedor.

Na última quinta-feira, parte do grupo chegou a brincar com jornalistas e chilenos e usar uma credencial emprestada para tentar entrar no treino da Toca da Raposa.

"Vamos tentando. Uma hora vamos conseguir", brincou Diego Gomez.

Alguns chilenos, no entanto, não acreditam que o grupo todo esteja sem ingresso e ainda revelam a tática daqueles que acampam em frente ao centro de treinamento.

"Alguns até estão sem ingressos, mas outros estão mentindo para espantar os assaltantes. Alguns torcedores tiveram ingressos roubados em outros jogos e agora não querem perder. Preferem dizer que estão sem ingressos para não atrair a atenção de outros", disse Héctor Bianco.

E o clima, de fato, é de apreensão entre os torcedores. Aqueles que possuem entradas para a decisão de sábado evitam se identificar e posar para fotos.

Já outros têm um discurso um pouco contraditório. Para Belo Horizonte, vieram 30 torcedores que fazem parte da Marea Roja, que se intitula como a torcida oficial da seleção. Inicialmente, eles disseram que têm nove ingressos para todo o grupo e que precisariam de mais 21. Mas, pouco depois, mudaram o discurso e afirmaram nâo terem sequer uma entrada.

O UOL Esporte conversou com quatro torcedores que vieram do Chile e estão acampados em um terreno em frente à Toca da Raposa II, local de treinamento da 'La Roja'. Todos eles são unânimes em dizer que vieram sem entradas para tentar a sorte.

Franci Tapia Galahín fez uma verdadeira aventura para chegar ao Brasil. De La Calera, no Chile, até Belo Horizonte, percorreu mais de 4 mil km. As dificuldades não param por aí. Ele veio de bicicleta. Apesar de todo o esforço, afirma não ter ingressos.

"Espero que caiam do céu, como caíram em Cuiabá. No jogo contra a Austrália, uma pessoa me deu de presente. Simplesmente me entregou o ingresso na porta do estádio porque gostou de mim. Quem sabe acontece de novo?", indagou, referindo-se ao jogo de estreia dos chilenos na vitória por 3 a 1.

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