Um grupo de 34 designers e ilustradores se juntou para executar um projeto de criar um cartaz representativo de cada um dos 64 jogos da Copa do Mundo. Encabeçados pelo diretor de arte Thiago Souza, cada um dos profissionais (e duas duplas) irá criar dois cartazes, de dois jogos diferentes. A escolha de quem faz qual partida foi feita pro sorteio.

"A ideia é transformar o material em um livro ou uma exposição após a Copa", explica Souza. Segundo ele, os designers, que trabalham em agências de publicidade e estúdios de design em sua maioria de São Paulo, não irão ter qualquer recompensa financeira com o trabalho. "A ideia é simplesmente fazer algo diferente do que fazemos no nosso dia-a-dia, exercitar nossa criatividade", explica o diretor de arte.

Veja, abaixo, o que alguns dos autores dos cartazes dizem sobre suas próprias obras:

 

Saulo Oliveira, autor do cartaz Croácia 4 x 0 Camarões

A ideia do cartaz  surgiu ao assistir ao jogo. Vi a cena em que o volante Alex Song, de Camarões, agrediu outro jogador e foi expulso. Para mim, foi a passagem mais marcante do jogo, e por isso decidi deixar destacado no centro o cartão que ele tomou. Mas o jogo foi bom, teve quatro gols da Croácia, e não achava certo apenas deixar o cartão vermelho como lembrança da partida. Por isso, decidi colocar as cenas do jogo no fundo, com os croatas comemorando seus gols. 

Pedro Menezes, autor do cartaz Bélgica 2 x 1 Argélia

O meu jogo era entre a Bélgica e a Argélia, dois países que falam francês, por isso a ideia de fazer o cartaz neste idioma. Como fiz depois do jogo, dei destaque para os vencedores, os belgas, que têm esse apelido de Diabos Vermelhos. Achei que era o elemento que graficamente iria render mais. Além disso, achei legal deixar tudo meio vermelho, amarelo e preto - as cores belgas.

Rafael Mantarro, autor de Irã 0 x 0 Nigéria

O jogo está sendo considerada a pior partida da Copa até agora. Não houve nada a ser destacado, nem para o bem nem para o mal. Destaquei essa característica do confronto através de elementos gráficos que mostrassem a ausência de graça e bom futebol: as sapatilhas persas não combinam com futebol, não podem fazer as vezes de chuteiras. A bola está parada e o pôster é em preto e branco, pois assim foi a partida, sem cores ou alegria.

Fernando Zarpelon, autor de França 5 x 2 Suíça

A ideia do pôster é gerar um contraste e uma ironia. Os cartolas da Fifa, o francês Jérôme Valcke e o suíço Joseph Blatter, jamais estariam assistindo ao jogo no estádio na forma que sugere o cartaz, como fãs do esporte, torcendo de uma maneira apaixonada e alegre, tampouco devem possuir essa identidade nacional ligada ao futebol, ao ponto de irem torcer em um estádio de futebol. Colocar um deles bebendo cerveja é uma referência ao jeito arrogante como a Fifa tratou as leis brasileiras que proibiam álcool nas arenas.
 

Alexandre Manzano, autor do cartaz Brasil 2 x 1 Croácia

Tive a sorte de ter sido sorteado para fazer o primeiro jogo da Copa, entre Brasil e Croácia. Então, procurei contar um pouco da história do jogo, escolhendo dois grandes personagens que representassem os lados da partida: o Neymar, que brilhou nesse jogo para o Brasil, com muita raça e habilidade, e o Olic, que deu o sangue pela Croácia. Quando defini as duas forças da partida, procurei contar os detalhes, com as cenas da composição. 

Aí, também pode se  ver o Neymar cobrando o pênalti do gol ao fundo, o Oscar driblando três croatas na frente, o juiz, com todo o misancene ao marcar o pênalti, mas apontando para o Marcelo, que fez o gol contra. Inclusive, a perna esquerda dele tem a paleta de cores que usei para os croatas, uma forma sutil de contar esse fato do gol contra.

Mario Pugliesi e Laura Catta Preta, autores do cartaz Costa do Marfim 2 x 1 Japão

Nosso primeiro jogo era Costa do Marfim x Japão, e o nosso cartaz do harakiri (suicídio ritualístico japonês) com o marfim não foi a primeira ideia, fizemos um antes com um elefante (símbolo da seleção marfinense) em um campo. Mas a ideia para o harakiri veio a partir da melhor foto que achamos, porque, como não somos designers, o cartaz teria que ser uma montagem. e foi bom, porque não ficou uma coisa muito explícita, mas sim estilizada.

Wagner Santos, autor de Uruguai 1 x 0 Itália

Eu me inspirei na festa de São João, como veio a calhar em virtude da data do jogo, mesmo dia do santo, 24 de junho.  O título "Jogo dos Aflitos" nada tem a ver com o estádio dos Aflitos (em Recife), onde nem tem jogo da Copa. é uma referência à situação das duas seleções, em que só a vitória interessava às duas.

Thiago Souza, autor de EUA 2 x 1 Gana

Usei como ponto de partida as bandeiras dos dois países, Gana e Estados Unidos e decidi fazer um pôster minimalista. Como uma bandeira é muito conhecida e a outra nem tanto, condensei as duas aos seus elementos mais característicos: as estrelas. O placar do jogo, 2x1 para os EUA, é mostrado, além de pelas próprias estrelas, pela proporção do pôster. O primeiro terço ficou para Gana, e os outros dois, para os norte-americanos.