Fernandinho faz prejuízo milionário na Ucrânia virar lucro com a seleção

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Para trocar o Shakhtar Donetsk pelo Manchester City no início da temporada passada, Fernandinho precisou tomar uma decisão drástica em meio às negociações que o clube ucraniano fazia questão de atravancar: abriu mão de um pagamento milionário de luvas que o clube ainda lhe devia– a imprensa britânica falou em 4 milhões de libras, pelo câmbio da época cerca de R$ 13 milhões. Mas o que teve jeito de perda está provando ser um investimento de alto retorno: depois de uma temporada em que foi um dos destaques do Campeonato Inglês, o meia foi convocado para a Copa do Mundo e, na partida contra Camarões, deu argumentos de sobra para que Luiz Felipe Scolari relegue Paulinho ao banco para o confronto de sábado com o Chile, pelas oitavas-de-final.

A aposta de Fernandinho é a mais impressionante se levado em conta que o jogador disputou apenas um amistoso pela seleção antes de garantir uma vaga na lista de 23 nomes anunciada por Felipão. Mas foi nesse jogo, a vitória de 5 a 0 sobre a África do Sul, que ele mostrou desenvoltura suficiente para ser "dublê" tanto de Paulinho quanto de Luiz Gustavo. E ainda fez um golaço em Johanesburgo. Em oito anos na Ucrânia, Fernandinho fora convocado apenas cinco vezes pela seleção, a última delas em 2011. A proximidade da Copa e o interesse do bilionário time inglês tornaram o prejuízo obrigatório.

"Tomei a decisão que era necessária para a minha carreira. Fui muito feliz na Ucrânia, mas era o momento de buscar o desafio numa liga mais forte e também precisava de mais visibilidade para poder aparecer para o Felipão. Sim, tive que abrir mão de dinheiro para convencer o clube a me liberar, mas sabia que lá na frente isso teria uma compensação para mim", disse Fernandinho ao UOL Esporte um pouco antes da viagem para o Brasil.

Ironicamente, foi um jogador adversário na Copa que há um ano teve influência decisiva na transferência do brasileiro. O croata Darijo Srna, capitão da equipe ucraniana, ajudou Fernandinho a convencer os dirigentes do Shakhtar, clube que em função de também ter um dono bilionário costuma esnobar as investidas de equipes europeias mais famosas. "Conversei com o Darijo e disse que precisava sair. Depois do clube por semanas se recusar a conversar, ele foi à diretoria defender minha causa. Sempre serei grato a ele", explicou Fernandinho.

Meses mais tarde, em dezembro, o sorteio dos grupos colocou Brasil e Croácia frente a frente. Na época, Fernandinho ainda não tinha sido chamado por Felipão, mas quando a Copa chegou Srna já tinha na ponta da língua outro lobby em prol do ex-companheiro de clube. "Fernandinho é um grande jogador e fiquei feliz de vê-lo na seleção", afirmou o capitão também da seleção croata.

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