Trajetória da Costa Rica inclui derrota para o Brasil e choro do técnico

Do UOL, em São Paulo

A campanha surpreendente da Costa Rica que derrubou já Inglaterra e os bolões de meio mundo tem ingredientes que misturam personagens curiosos a momentos de drama que poderiam fazer crer que a seleção da América Central realmente não teria a menor chance de um bom desempenho no chamado grupo da morte da Copa do Mundo do Brasil.

O início de tudo se deu em 7 de outubro de 2011, quando o colombiano Jorge Luís Pinto deu início a sua segunda tentativa de comandar a seleção costarriquenha, substituindo o argentino Ricardo La Volpe, demitido após um desempenho medíocre da equipe na primeira fase das eliminatórias da Concacaf.

Após passagem mal-sucedida pelos Ticos, ente 2004 e 2005, o treinador fez sua estreia em um amistoso contra o Brasil, em San José, capital do país. A seleção brasileira, ainda sob o comando de Mano Menezes, venceu o confronto por 1 a 0, com gol de Neymar.

O encontro com os brasileiros, aliás, não foi uma novidade para Jorge Luís Pinto. Estudante do curso de esportes da USP (Universidade de São Paulo) na década de 1970, o colombiano se identificou com a cidade justamente por causa do futebol. Em entrevistas, ele conta que foi ao Morumbi no dia 13 de outubro de 1977 assistir ao final do jejum de títulos do Corinthians. Naquele dia, Basílio fez o gol da final contra a Ponte Preta. Foi às ruas comemorar.

Mesma sensação que a torcida costarriquenha sentiu nesta sexta, depois da histórica vitória contra a Itália, por 1 a 0. Apesar de a Costa Rica já ter avançado às oitavas-de-final em uma Copa do Mundo – em 1990, quando foi a segunda colocada em um grupo em que o Brasil foi o líder -, o que aconteceu em Recife neste 20 de junho de 2014 tem um valor inestimável na história do futebol daquele país.

Depois de uma vitória de virada, por 3 a 1, contra o Uruguai – quarto colocado na Copa de 2010 e atual campeão da Copa América -, ainda poderia haver dúvidas se aquilo não havia sido um caso isolado. Não foi. Contra a Itália, a Costa Rica foi melhor durante o jogo todo, tendo a iniciativa das ações desde o início da partida. Tirando duas chances claras desperdiçadas por Balotelli ainda no primeiro tempo, quando os italianos se davam bem na marcação da saída de bola, o time dirigido por Jorge Luís Pinto foi corajoso, organizado e preciso quando teve a chance fatal.

Bryan Ruiz fez o gol da vitória em um cabeceio certeiro, dentro da pequena área, como o principal atacante de referência da equipe. Posição que, duas semanas antes do início da Copa, era de Alvaro Saborío, atacante de 32 anos que já marcou 32 gols em 93 jogos pela Costa Rica. Uma lesão no quinto metatarso do pé direito, porém, obrigou que o técnico o cortasse da lista de convocados.

Ao fazer o anúncio, Jorge Luís Pinto chorou e afirmou que seria muito difícil substituí-lo, apesar de saber da necessidade de olhar para o futuro. E foi isso que ele fez. Montou um ataque onde apenas Campbell joga isolado, explorando sua velocidade para dar opção as jogadas laterais, principalmente pela direita, onde Gonzalez aparece frequentemente para empurrar a equipe à frente. Foi por esse lado, por exemplo, onde surgiram as principais jogadas da vitória contra o Uruguai.

Depois de duas vitórias, a Costa Rica abreviou a dor da Inglaterra, que após derrotas para Itália e Uruguai foi eliminada com o sucesso costarriquenho na Arena Pernambuco. E, enquanto os ingleses não vêm a hora de cruzar o Atlântico de volta a Londres – o que só ocorrerá depois da terceira partida, contra a própria Costa Rica, na terça-feira (24), no Mineirão – os Ticos querem mais é relaxar em Santos, onde estão hospedados desde que chegaram ao Brasil.

Treinando na Vila Belmiro, a Costa Rica vem sendo atração da cidade litorânea paulista. Os jogadores são vistos andando tranquilamente pela cidade, são simpáticos e já visitaram uma churrascaria e uma escola. O clima descontraído já havia contaminado a delegação antes mesmo da Copa do Mundo.

No final do ano passado, quando esteve em Santos fazendo uma visita técnica para conhecer o hotel que hospedaria a equipe e o gramado da Vila Belmiro, Jorge Luís Pinto foi audacioso e bem-humorado quando questionado sobre qual era a ambição da Costa Rica no Mundial de 2014. "Queremos estar no Maracanã". No caso da tabela da equipe, isso só pode acontecer se ela chegar à final. Alertado pelos jornalistas sobre isso, o técnico riu. "É uma brincadeira séria", completou. Ou não.

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