Eternizado em uma varanda, "Michael Jackson" passa despercebido na Copa

Vagner Magalhães

Do UOL, em Salvador

  • Vagner Magalhães/UOL

    Foto do cantor Michael Jackson em uma varanda do Pelourinho lembra gravação de videoclipe

    Foto do cantor Michael Jackson em uma varanda do Pelourinho lembra gravação de videoclipe

A pequena sacada de um sobrado azul ao lado da Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho, passa quase despercebida pelos milhares de torcedores que visitam Salvador para os jogos da Copa do Mundo. Lá no alto, uma imagem do cantor Michael Jackson, em tamanho natural, e um poster, buscam eternizar o momento vivido em uma manhã de 1996, quando o largo parou para a gravação do videoclipe da música "They don't care about us", algo como "Eles não se importam conosco", dirigido pelo cineasta Spike Lee. A gravação foi feita em três dias. Na foto, o cantor aparece com uma camisa do grupo baiano Olodum, que participou da filmagem.

De vez em quando, algum turista olha para cima, vê a imagem e faz uma foto. Outros param, observam, mas não conseguem fazer uma conexão sobre o que Michael Jackson faz ali. Mas se quiserem alguma informação, o comerciante Carlos Alberto, 51, tem tudo na ponta da língua.
 
Na pequena porta de entrada do prédio, ele vende alguns souvenires ligados àquela data. Algumas cópias de fotos, pequenos bonecos do cantor, DVDs com o clipe e imãs de geladeira, entre outros. Carlos Alberto se aventura no portunhol, mas não fala inglês. E para quem comprar pelo menos R$ 2 entre os produtos da sua lojinha, ele oferece a sacada para uma foto, "ao lado do cantor".
 
"Essa é uma história que passou um tempo esquecida e que eu resolvi retomar há alguns anos. Este prédio foi comprado por uns italianos e eles estão planejando uma reforma. Enquanto isso, eles deixam eu ficar aqui na parte de baixo, vendendo as minhas coisas, e aproveito para tomar conta de tudo para eles", diz o vendedor.
 
Carlos Alberto teve a ideia de fazer o poster em tamanho natural. Na escada de acesso, colou fotos do astro em cada degrau, para criar um clima de pequeno museu, ainda que totalmente improvisado. "E não pense que eu fiz isso aqui depois que ele morreu. Foi antes", lembra.
 
Mas não muito antes. "Para mim, a morte dele foi uma surpresa. Uns meses antes tinha começado a fazer isso aqui, já que muita gente vinha perguntar, fazer foto do prédio. Ainda tem muita gente aqui no Pelourinho que presenciou tudo", diz o vendedor.
 
Ele mesmo se lembra da movimentação, mas conta que não teve tempo de acompanhar as gravações. "Precisava sair cedo para trabalhar, mas isso aqui parou tudo. O cara era conhecido mundialmente e escolheu gravar aqui. Era gente por todos os lados. Teve até uma moradora que rompeu o esquema de segurança e o agarrou", afirma.
 
Carlos Alberto lembra que à época, o prédio era ocupado por um cartório, que anos depois se mudou dali. O comerciante conta que muita gente vem de longe, só para ver o local. "Andaram colocando na Internet e vem muito estrangeiro perguntar. Eu não sei o que fizeram no Chile, mas vem muita gente de lá para cá", conta o vendedor. "Tem menina até que fica histérica, começa a chorar de emoção".
 
Durante o período de Copa, ele ainda não notou uma movimentação maior. Carlos Alberto conta que quem mais tem interesse na história são as mulheres. "Os caras passam, olham e vão embora. Não dão muita bola. Só querem mesmo é saber do futebol".
 
 

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos