Pelourinho aguarda turismo em massa, mas comércio desconfia da Copa
Vagner Magalhães
Do UOL, em Salvador
As ruas do Pelourinho, no centro histórico de Salvador, estão acostumadas com a presença dos turistas. Eles circulam o ano todo, vindos de outras partes do Brasil e do exterior, principalmente da Europa e dos Estados Unidos. Na Copa do Mundo, é esperada uma "invasão em massa" nos dias de jogos. Porém, os comerciantes desconfiam do resultado final. Isso porque nem sempre muita gente é igual a boas vendas.
Nas ruas, o verde-amarelo predomina na decoração, mesmo sem a presença garantida do Brasil na cidade. Na primeira fase, Salvador receberá Holanda, Espanha, Alemanha, Portugal, França, Suíça, Irã e Bósnia. Faltando dez dias para a primeira partida na cidade, os turistas ainda são poucos, o que deixa o comércio apreensivo.
"Não há dúvidas que a cidade ficará cheia. Mas muita gente vai chegar, ver o jogo e ir embora. O turista que acompanha futebol é diferente dos outros", diz João Cabral, 53, dono de um brechó na cidade. Para ele, o mal desempenho do governo nas obras de preparação para a Copa do Mundo, além dos protestos, contribuíram para dar uma esvaziada no Mundial.
Porém, alheio ao momento político vivido no Brasil, o turista francês e professor Hugo Glaszmann, 30 anos, chegou ao Brasil há dois meses e só pretende voltar para casa com o fim da Copa do Mundo. Ele já esteve em São Paulo, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e, além de Salvador, irá acompanhar partidas em Recife. Torcedor fanático do Montpellier, ele espera uma Copa do Mundo espetacular.
"O Brasil é um país que recebe bem as pessoas e tem um clima muito agradável. Para quem gosta de futebol, é um sonho", disse ele, enquanto subia uma das ladeiras do Pelourinho. Lá, provou o suco do ambulante Milton Cavalcanti, que há sete anos faz ponto em frente à Fundação Jorge Amado.
Da meia dúzia de barris cromados que carrega em seu carrinho, sai apenas um sabor: limão com coco. "Antigamente fazia com lima, mas o que pegou mesmo foi esse sabor. Acabei me especializando e tem gente que volta aqui todo ano", conta ele. No carrinho, a sua especialidade está grafada em oito línguas.
"Tem inglês, francês, espanhol, russo, alemão, holandês, japonês e chinês", orgulha-se ele, que diz entender um pouco os turistas, mesmo falando somente português. "O que mais ouço aqui é 'very good' ", diverte-se.
Na porta do salão de cabeleireira, Maria Isabel disse estar confiante em um bom resultado comercial durante a Copa do Mundo. "No meio dessa confusão toda, o pessoal quer ficar bonito. É aí que a gente entra", diz ela.
Sobre a segurança durante o Mundial, um motorista de táxi dá a sentença. "Aqui há dois tipos de segurança. A da polícia e a dos orixás", afirma. "Quando a molecada sai com a 'kriptonita' (droga) na cabeça, é difícil segurar".