Com nome e complexo "real", Memphis Depay é o ídolo precoce holandês

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Quando chegou ao Brasil para a Copa do Mundo, a seleção holandesa adotou um discurso cauteloso, marcado pela ideia de preparar uma nova geração de jogadores para o próximo torneio em 2018. Se a vitória de 5 a 1 sobre a Espanha já tinha mudado as expectativas gerais, a atuação de um dos supostos "meninos"  deu mais incentivos para empolgação. Com nome e complexo ligados a "reis", o atacante Memphis Depay se tornou o novo queridinho depois de marcar o gol decisivo da apertada vitória holandesa sobre a Austrália em Porto Alegre.

Batizado em homenagem à cidade americana em que Elvis Presley ficou famoso ao gravar no legendário Sun Studios, Depay, de 20 anos, foi um nome que pouca surpresa causou quando o técnico Louis Van Gaal anunciou a lista de jogadores para a viagem ao Brasil. Revelação do PSV Eindhoven, clube que no passado tinha cacife para comprar estrangeiros do porte de Romário e Ronaldo, mas que há mais de 10 anos tem de apostar no mercado nacional, o holandês e filho de um imigrante de Gana se tornou um dos mais badalados jovens jogadores da Laranja.

Lançado por Van Gaal no time principal em outubro do ano passado, Depay atuou em seis partidas da Laranja, sempre como reserva. Também foi do banco que ele veio no final do primeiro tempo, no lugar do zagueiro Bruno Martins, que sofrera uma concussão numa queda. O gol marcado aos 23 minutos do segundo tempo foi seu primeiro pela seleção e o mais jovem de um jogador holandês numa Copa do Mundo.

"Muita gente ficou surpresa quando Van Gaal trouxe Memphis para o jogo em vez de Jeremain Lens, um jogador que tem 24 partidas e oito gols pela seleção e que é um pouco menos temperamental", explica Roland Mather, jornalista holandês.

Não é para denotar intimidade que Mather chama o jogador pelo primeiro nome. O atacante tem os pais separados e a ausência paterna de sua vida o levou a se recusar a usar o sobrenome dele na camisa – na Holanda, é muito raro jogadores usarem o primeiro nome. A decepção paterna o motivou a ignorar um convite para jogar por Gana em 2012 e deixou como herança uma tentação de desobedecer. No PSV, causou uma crise no elenco em 2013 ao discordar publicamente do veterano Mark Van Bommel, ex-capitão da Laranja.

Sob a batuta de Van Gaal, porém, Depay tem sido um cordeiro, se bem que o gol salvador teria servido para aplacar algum incidente indisciplina...

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