"Rambos" holandeses se preocupam mais com paparazzi que criminosos
Fernando Duarte
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Fernando Duarte/UOL
Segurança impede que jornalistas e curiosos se aproximem dos jogadores da Holanda
O repórter brasileiro disfarçou bem e mal parecia acreditar que tinha conseguido se aproximar de Robin Van Persie, que depois de fazer seus exercícios físicos acompanhava da arquibancada da Gávea o treino da seleção holandesa nessa quinta-feira. Depois de fazer uma foto com o celular, fez menção de se aproximar do atacante, mas deu meia-volta ao ver um "armário" que se aproximou silencioso feito um tubarão.
Era um dos quatro seguranças especiais trazidos pela Holanda para o Brasil. O quarteto e composto por ex-integrantes da Korps Marinjers, o corpo de fuzileiros navais da Holanda que anos recentes participou de missões no Iraque e no Afeganistão. Sua presença no Rio, porém, tem sido muito mais para garantir a privacidade dos jogadores que sua segurança.
"Temos recebido um apoio logístico muito importante das autoridades brasileiras e a situação no Brasil me parece muito mais tranquila do que na África do Sul em 2010", contou ao UOL Esporte um dos seguranças, que se identificou apenas como Jan.
O efetivo trazido para o Brasil é menor que no último Mundial, quando a Holanda considerou a África do Sul uma ameaça muito maior em função do papel do país na colonização da região – foram descendentes de holandeses que criaram o sistema de segregação racial vigente na África do Sul entre 1948 e a primeira metade da década de 90. A tensão, naturalmente, também era maior entre os responsáveis pela segurança da Laranja.
"Aqui no Brasil o clima é outro. Temos apenas que estar de olhos abertos, porque a Copa do Mundo sempre é um evento visado", completa o "Rambo".
Sendo assim, a seleção holandesa por várias vezes circulou pelo Rio de Janeiro, não raramente andando no meio do público. Em nenhum momento houve aparato de segurança ostensivo. Na verdade, isso só aconteceu na chegada da equipe para o primeiro dia de treinos na Gávea, quando até uma tropa de choque do exército esteve presente. Nesta quinta-feira, o destacamento se limitava à escolta fornecida para os deslocamentos da seleção.
"Acho que no primeiro dia as autoridades brasileiras queriam apenas mostrar serviço e mandar uma mensagem para alguém que quisesse fazer besteiras", acredita Jan, que interrompe a conversa para mais uma vez surpreender um novo paparazzo.