Jogo de Copa do Mundo. Estreia de Rússia e Coreia do Sul no torneio. Há vários motivos para acompanhar com atenção o que vai acontecer no duelo desta terça-feira, em Cuiabá. No entanto, os holofotes na Arena Pantanal não estarão voltados para as quatro linhas. As grandes estrelas das duas seleções estarão no banco de reservas.

"Nosso craque é o técnico. Não temos jogadores com essa fama", resumiu Vasili Berezutskiy, capitão russo. A seleção europeia é a única da Copa do Mundo de 2014 em que todos os jogadores atuam no país-natal.

Fabio Capello é, segundo o jornal inglês "Daily Mail", o técnico mais bem pago da Copa de 2014. Ele recebe R$ 25 milhões por temporada no comando da seleção russa – o brasileiro Luiz Felipe Scolari, com R$ 8,8 milhões anuais, ocupa o quarto posto na lista elaborada pelo periódico.

Contratado depois de a Rússia ter sido eliminada na primeira fase da Eurocopa de 2012, Capello tirou da seleção uma série de nomes conhecidos. Jogadores como Arshavin, Pavlyuchenko e Pogrebnyak deixaram de ser convocados, o que só aumentou o estrelato do treinador.

Mas o italiano que dirige a seleção da Rússia não vai ser o único técnico estrela no duelo desta terça-feira. Do outro lado estará Hong Myung-Bo, que foi um dos maiores jogadores da Coreia do Sul há duas décadas.

Em 2002, Hong Myung-Bo foi eleito pela Fifa o terceiro melhor jogador da Copa do Mundo. Naquela edição, a Coreia do Sul fez a melhor campanha da história do país e chegou às semifinais.

"É difícil dizer se o time atual é mais forte ou mais fraco do que o de 2002, mas sou técnico desta equipe e acredito nela. Acreditei desde o início, e isso não vai mudar", disse o comandante sul-coreano. Hong Myung-Bo tem seis jogos à frente da equipe asiática, com apenas duas vitórias.

O principal jogador da Coreia do Sul é Son Heungmin, 21, que defende o Bayer Leverkusen. Em entrevista ao jornal "Gazeta do Povo", o goleiro Bumyoung Lee chegou a dizer que o meio-campista é "melhor do que Neymar". Mas a maior referência da Coreia do Sul, sem dúvida, é Hong Myung-Bo.

Isso ficou ainda mais claro nas entrevistas coletivas que os dois treinadores deram na última segunda-feira. Capello disse que seu time conhece o perfil da Coreia do Sul, mas evitou falar nomes dos rivais: "Não é importante saber isso, mas as características. Nós estamos bem preparados para isso". Hong Myung-Bo respondeu em termos similares. "Mais do que os nomes [dos russos], sei os números", disse o sul-coreano.

A declaração do comandante da seleção asiática contrasta com a análise que ele fez sobre Capello. "É um técnico mundialmente famoso, e eu acho que isso terá impacto na seleção russa até certo ponto, mas nossos jogadores não serão influenciados por isso. Eu o respeito pessoalmente. Muito", ponderou Hong Myung-Bo.

A atenção destinada aos técnicos inclui até o lado negativo. Hong Myung-Bo, por exemplo, foi criticado por Kim Ho, técnico da Coreia do Sul na Copa de 1994. O antecessor disse ao jornal "Korea Herald" que o atual comandante da equipe nacional montou uma seleção muito jovem e privilegiou a geração que havia dirigido no sub-20.

"Não vejo alguém capaz de funcionar como ponto de referência", reclamou Ho. O ponto de referência da Coreia do Sul, na verdade, é o mesmo da Rússia. Eles só não estarão em campo.