Primeiro legado da Copa em Manaus: as gorjetas dos ingleses

Felipe Pereira

Do UOL, em Manaus

Difícil ver garçom, taxista ou recepcionista que saiba inglês em Manaus, mas duas palavras básicas eles aprenderam e repetiram com frequência na passagem dos ingleses pela cidade. Disseram thank you com gosto muitas vezes para agradecer as gorjetas gordas que receberam. Os garçons foram os mais favorecidos e teve gente tirando num dia o piso da categoria de R$ 750.

Foi o caso de Fred Dias, 33 anos, que teve 14º, 15º e 16º salário neste ano. Ele conta que levou para casa R$ 800 no sábado, data da estreia da Inglaterra no Mundial. "Era coisa de R$ 50 por mesa. Eu ia pegando o dinheiro e enfiando nos bolsos e já nem sabia mais quanto tinha".

O comportamento dos estrangeiros surpreendeu o taxista Jorge Pereira Oliveira Filho, 36 anos. Acostumado a ouvir os passageiros de Manaus pedindo desconto quando a corrida passa dos R$ 50, custou a acreditar quando os ingleses falavam para ficar com o troco. "A conta dava R$ 34, eles entregavam uma nota de R$ 50 e iam embora", afirma.

Ainda mais impressionado, Fred fala que o número de gorjetas deu um salto a partir do jogo do Brasil, na quinta-feira. A partir deste dia o garçom tirou pelo menos R$ 700. O dinheiro vem dos beberrões ingleses que frequentavam a Praça do Caranguejo, tradicional ponto de encontro de Manaus e onde estão montados telões.

"Dos italianos é mais difícil receber. Eles dão R$ 5 ou deixam uma cerveja paga para você. E a gente aceita, né. Claro que a gente toma, só que depois do trabalho". Mas tudo que é bom dura pouco, e Fred explica que o melhor da Copa passou. O garçom escutou que os americanos têm menos costume de dar gorjeta em bar, e que escolhem outros prestadores de serviço para gratificar, como funcionários de hotel e taxistas.

Mas isso não significa que não sobra algum. Bruno dos Santos, 29 anos, é garçom no estabelecimento ao lado e revela que desde o final de semana anterior à Copa já trocou US$ 130. Recebeu o dinheiro de torcedores dos Estados Unidos que chegaram antes para conhecer a Amazônia. O rapaz admite que eles são menos mão aberta, mas ainda acha que dá um caldo.

Se o ápice do Mundial passou para os funcionários de bares de Manaus, os trabalhadores da rede hoteleira e os taxistas esfregam as mãos de ansiedade. Esses prestadores de serviço também ouviram que são as categorias preferidas dos americanos na hora de dar gorjeta.

Jorge fazia R$ 20 por dia e espera mais sorte quando um passageiro alto e branco entrar no táxi falando enrolado. Nos hotéis Adrianópolis e Manaus Express, a expectativa é a mesma. Os funcionários da recepção afirmam que as gorjetas foram miúdas até agora, mas mensageiros, camareiras e funcionários do restaurantes acreditam que vão ter um legado da Copa no bolso.

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