"Mr. Copa" da Holanda resiste em ver time de Van Gaal como novo Carrossel

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Num sábado em que a seleção holandesa treinou sem dar entrevistas, Jaap De Groot se transformou numa figura requisitada pela mídia estrangeira. Veterano de nove Copas do Mundo, o jornalista de 59 anos era procurado a cada cinco minutos na Gávea para falar sobre o "Massacre de Salvador" – a goleada de 5 a 1 sobre a Espanha. Uma frequência estimulada também pela "zoação" dos colegas holandeses: além da fama de resmungão e "sabe-tudo", De Groot é um dos mais conhecidos críticos do treinador da "Laranja", Louis Van Gaal.

Depois de semanas criticando a decisão de Van Gaal de mudar o esquema tático da Holanda para uma formação com cinco zagueiros como forma de conter os avanços espanhóis, De Groot se viu obrigado a comentar o sucesso da ideia do treinador. Saiu-se com uma elegante metáfora envolvendo o xadrez para afirmar que ainda não está convencido de que o esquema será suficiente para levar a Holanda longe no Brasil.

"Acho que mesmo Van Gaal ficou surpreso com o resultado, mas admito que o uso dos cinco zagueiros funcionou contra a Espanha. Você conhece o xadrez? Então, contra a Espanha jogamos no contra-ataque, com as peças pretas. Quero ver como vamos funcionar no momento em que tivermos que tomar a iniciativa e jogar com as pedras brancas. Não sei ainda se vivemos um momento como em 1974", afirma De Groot, referindo-se ao choque causado pelo sistema tático holandês de 1974, marcado pelas rotações e pelo domínio tático sobre os adversários. O estilo valeu à seleção do país o apelido pérpetuo de "Carrossel Holandês".

Tal oportunidade será a partida do dia 18, contra a Austrália, em Porto Alegre. Um adversário que a Holanda jamais derrotou nas três vezes em que se encontraram. "Não estou dizendo que foi simples jogar com a Espanha, mas contra Austrália e Chile a Holanda não poderá adotar a postura mais reativa que teve em Salvador", completa o "Mr. Copa" da Holanda.

De longos cabelos e costeletas brancas, De Groot mantém o visual que ficou famoso no futebol holandês dos anos 70. Um "look" que mesmo seu grande confidente entre os jogadores holandeses, Johan Cruyff, de quem o jornalista é ghost writer, já abandonou há décadas. Por sinal, a associação de De Groot com o maior ídolo do futebol holandês também é motivo de polêmica, já que Cruyff é um conhecido desafeto de Van Gaal  - os dois brigaram publicamente pelo controle político do Ajax, clube em que Cruyff foi tricampeão europeu como jogador e Van Gaal ganhou como treinador a Liga dos Campeões de 1995.

"Na minha opinião, foi arriscado demais para Van Gaal mexer em todo o sistema tático por causa da lesão de um jogador (o meia Kevin Strootman, do Roma), mas ele foi corajoso e também se aproveitou dos problemas  enfrentados pela Espanha", concluiu.

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