Forçada a virar "imigrante", seleção da Bósnia é guiada pelo nacionalismo

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Asmir Avdukic, terceiro goleiro da Bósnia, é um ilustre desconhecido de boa parte do mundo. Mas é o jogador do Borac, da cidade de Banja Luka,que impede a seleção de seu país de ser um time completamente "imigrante". Todos os outros 22 convocados convocados por Safet Susic para o Mundial atuam fora do país. Não é um recorde – Costa do Marfim, Gana e Uruguai tambêm tem 22 "estrangeiros" – mas a Bósnia está numa categoria à parte. Estreante em Mundiais, é a equipe que mais precisa do futebol como fator de integração nacional.

"Nascida" com a Declaração de Independência de 1992, a Bósnia passou por uma sangrenta guerra civil marcada por massacres étnicos e religiosos e ainda precisa lidar com as cicatrizes do conflito. Não por acaso, o discurso de jogadores e de Susic tem invariavelmente falado em orgulho nacional e na oportunidade de união em torno da estreia da ex-república iugoslava em Mundiais.

"Estaremos representando todos os cantos na nossa nação. O país inteiro celebrou em outubro do ano passado quando conseguimos a vaga para o Mundial e agora queremos dar mais motivos para as pessoas se orgulharem de nós", afirma o capitão bósnio, Emir Spahic, zagueiro do Bayern Leverkussen, da Alemanha.

O êxodo não choca num país em de pouco mais de 3 milhões de pessoas e que tem outros quase 2 milhões vivendo no exterior. A Liga Bósnia atrai menos de 2 mil torcedores por partida e nenhum clube do país tem condições de segurar talentos. Na atual seleção, por exemplo, há nove jogadores com menos de 25 anos e nenhum deles atua no país.

A Alemanha é quem responde pelo maior número de jogadores da seleção (sete), seguido da Turquia (cinco). Mas há até um jogador vindo do Oriente – o meia Misimovic, que atua no Guizhou Renhe, da China.

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