Boêmia Vila Madalena se transforma em aldeia global com invasão estrangeira

Do UOL, em São Paulo*

Gringos com camisetas do Brasil, brasileiros com uniformes de seleções europeias, mulheres bonitas, bebida na rua, vuvuzelas e muita farra.

Nesse clima de festa, a Vila Madalena tem se tornado o ponto de encontro obrigatório de turistas estrangeiros que visitam São Paulo durante a Copa.

A reportagem do UOL Esporte foi conferir de perto esse fenômeno na confluência das ruas Aspicuelta e Mourato Coelho, nas madrugadas de quinta e sexta-feira, que transformou o já tradicional bairro boêmio em aldeia global graças à maciça presença de visitantes de várias partes do mundo.

É o caso do australiano Justin Froomy, um jovem de 32 anos que veio de Adelaide, no sul da Austrália, e estava encantado com a "muvuca", como ele mesmo disse.

Justin foi claro ao falar sobre suas intenções no local. "Quero curtir, beber e encontrar uma namorada brasileira", comentou, no que foi prontamente questionado pela bancária Renata Rocha, também de 32 anos, que estava no mezanino do bar Zé Menino, com vista exclusiva para o "mar de gente".

"Justin Bieber?", perguntou ela ao ouvir o nome do "gringo". "Não, Justin Froomy, mais bonito e melhor que o Justin Timberlake", brincou em inglês o rapaz com camiseta amarela com estampa de canguru. Tímido, ao ver a presença da reportagem, se despediu da menina e foi à procura dos outros amigos, em uma cena que mais parecia um retrato clássico de "Onde está Wally".

Assim como Justin, centenas de estrangeiros também se aventuraram na noite paulistana, convocados pelas redes sociais e amigos em comum.

As aventuras incluem as comidas experimentadas pelos gringos. Um grupo formado por seis croatas aproveitou para comer um prato bem brasileiro, mas com nome de outro país da Copa: churrasco grego.

Em um vendedor ambulante que batizou sua barraca - um fusca estilizado - de "Furrasqueira do Hulk", o grupo de croatas arriscou o prato, e aprovou. Perguntados se gostaram, disseram: "Estamos com tanta fome que é tudo bom". As caretas a cada mordida, porém, fizeram assumir: "Preferimos peixe". E como é peixe em croata? "Riba", explicaram.

Os gritos de celebração partiam principalmente de grupos de países latinos: México, Chile, Colômbia e Argentina - grande parte vestida a caráter (destaque para os mexicanos, com máscaras e sombreiros). Era só aparecer uma câmera de televisão, ou outra torcida puxar um grito, que novos surgiam - o mais alto vindo dos chilenos, com seu "Chi chi chi, le le le, Viva Chile!".

Mas não foram só turistas de países que disputam a Copa que aproveitaram a farra paulistana. O UOL Esporte falou com um queniano e com uma dupla de malaios, que vieram ao país só para a festa. Todos pediam fotos e comentavam toda e qualquer camisa de seleção que passava. 

A diversão deles e de outros era adivinhar o país da pessoa com a qual puxava conversa. Mas não só essa...

Como a rua estava completamente tomada pelos boêmios, dificilmente um veículo se arriscava por ali. Mas um motorista de caminhão resolveu tentar. Não deu outra: dezenas de pessoas escalaram a caçamba do carro e começaram uma festa com bandeiras e gritos, como se fosse uma arquibancada. Felizmente, todos desviaram da fiação, evitando um desastre - mas evidenciando a bagunça que se tornou o local.

Os brasileiros também fizeram do encontro uma grande festa, com centenas de belas mulheres que comparecem em grupos, para alegria geral.  

Alguns beberrões foram além, e paravam veículos em movimento, jogavam a bandeira do Brasil em cima do para-brisa. A técnica foi repetida muitas vezes, mas apesar do grande número de pessoas no local, a reportagem do UOL Esporte não observou sequer uma autoridade policial presente, nem mesmo fiscais do CET para bloquear as ruas e evitar constrangimentos aos motoristas desavisados que passavam pela região.

"Bombados", micareta e dificuldades de comunicação 

O clima festivo fez com que alguns beberrões fossem além. Em determinado momento da noite era possível notar a presença de alguns homens sem camisa exibindo o corpo de anos dentro de uma academia. A intenção era impressionar as garotas que passavam. Os mais ousados, tentavam beijar mulheres à força, estratégia muito utilizada em festas de rua, como no carnaval.

A tática, que funcionou em diversos momentos, só não era eficiente com estrangeiras. Em número reduzido, as garotas de outros países não recebiam cantadas porque boa parte dos brasileiros mais "saidinhos" encontravam dificuldades de comunicação em outra língua, o que deixava a situação um tanto cômica. 

*Com reportagem de Felipe Noronha, Patrick Mesquita, Leandro Carneiro, Lucas Santochi, Marcel Buono, Marcelo Freire e Paulo Anshowinhas

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