Obra inacabada fará torcedor chegar mais rápido à Arena Recife

Carlos Madeiro

Do UOL, no Recife

  • Carlos Madeiro/UOL

    Das 45 estações previstas para o BRT (Bus Rapid Transit) de Recife, apenas três ficaram prontas

    Das 45 estações previstas para o BRT (Bus Rapid Transit) de Recife, apenas três ficaram prontas

Apontado como a solução de mobilidade para a parte norte da região metropolitana do Recife durante a Copa do Mundo, o BRT (Bus Rapid Transit) entrou em operação às vésperas do Mundial, mas de forma incompleta. Das 45 estações prometidas, apenas três estão em funcionamento.

O veículo vai deixar na mão moradores de 42 localidades. Mas, ao mesmo tempo, a viagem deverá ser mais rápida. Segundo a Secretaria das Cidades de Pernambuco, o percurso completo de 46 km deve ser feito em apenas 40 minutos, com apenas duas paradas.

Cinquenta veículos do BRT estão em operação e, neste sábado (14), vão levar os torcedores para costa do Marfim x Japão. Os veículos saem de Olinda (região metropolitana), cortando a região Norte do Recife, mas parando apenas na Praça dos Guararapes, no centro do Recife, onde os corredores Norte-Sul e Leste-Oeste se encontram.

Após essa parada, o BRT só para novamente para pegar passageiros no Derby, de onde segue por mais 10 km livres até o estádio.

UOL circulou pelas ruas do Recife e encontrou várias estações inacabadas, mas não encontrou trabalhadores no local. As obras custaram R$ 296 milhões, segundo a Secopa.

A previsão da Secretaria das Cidades de Pernambuco é de que o modal leve 26 mil pessoas à Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, durante a Copa. As estações que hoje estão fechadas estão previstas para serem entregues até o fim do ano.

O plano de mobilidade apresentado pelo Estado prevê que 200 mil pessoas sejam transportadas para ver os jogos na Arena, sendo 59% estrangeiros. Na Copa das Confederações foram 120 mil, mas o esquema montado teve várias críticas, já que a maioria usou o metrô. Para a Copa, a previsão é que 36% use o metrô, menos que os 58% de 2013.

Críticas ao projeto

Para o presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de Pernambuco, José Mário Cavalcanti, as obras do BRT, além de atrasadas, não foram discutidas e teriam sido mal aplicadas como solução de mobilidade para a cidade pós-mundial.

"Nós realmente temos corredores que efetivamente seriam para transporte de passageiros com eficiência, mas que poderia ser feito num modal muito mais apropriado, como o VLT (veículo leve sobre trilhos usados já em algumas capitais). O BRT é um modal condenado, já nasce morto", afirmou.

Outro ponto criticado por Cavalcanti foi a intervenção na avenida Caxangá, uma das principais que ligam o centro à região oeste do Recife.

"As obras destruíram a avenida, que era a maior em linha reta e plana da América Latia. São seis quilômetros de via, mas fizeram viadutos, um túnel desnecessário e estragaram. Esse projeto chegou pronto e foi empurrado goela a baixo. O Crea nunca foi consultado", reclamou.

Nesta quinta-feira (12), outra obra que deveria ter sido entregue no início do ano foi inaugurada: a passarela que liga o aeroporto ao metrô.

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