Itália não deixa prefeito de Mangaratiba entregar presente a Balotelli
Mauricio Stycer
Do UOL, em Mangaratiba
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Maurício Stycer/UOL
Evandro Capixaba, prefeito da Mangaratiba, em seu gabinete com o presente encomendado para Balotelli
O isolamento da seleção italiana em Mangaratiba é tão radical que o prefeito da cidade não conseguiu, até agora, entregar um presente feito por um artesão local especialmente para Mario Balotelli. Evandro Capixaba (PSD-RJ) esteve numa festa no mesmo ambiente que os jogadores, mas não foi autorizado a chegar perto. "Eles ficam tão isolados que, parece, têm medo da gente."
Capixaba, como é conhecido, diz estar feliz "que nem pinto no lixo" pela exposição do nome da cidade por causa da seleção italiana. "Somos o patinho feio da Costa Verde, mas hoje Angra dos Reis morre de inveja da gente. A mídia só fala da gente". Também festeja a ocupação dos hotéis em todos os distritos de Mangaratiba, na casa de 80%.
Por outro lado, o prefeito está chateado com o que chama de "frieza" dos italianos. No último sábado, houve uma festa para a inauguração da Casa Azzurri, o espaço criado pela Federação Italiana para atender a imprensa e receber convidados. Capixaba encomendou ao escultor Marcelo Firmino um cavalo em madeira para dar de presente a Balotelli. Pagou R$ 400, diz, pela peça.
Foi presenteado com uma camisa autografada pelo jogador, mas não conseguiu falar com ele. Tentou, em diferentes momentos da festa, se aproximar, mas não obteve sucesso. O fotógrafo da prefeitura, encarregado de fazer fotos do prefeito com os jogadores, foi barrado.
Decepcionado, Capixaba tripudia: "Não quer o cavalo? Tudo bem. Vou dar para o Immobile", diz, referindo-se ao atacante reserva da Itália, que fez três gols no amistoso contra o Fluminense.
Outro pendência de Mangaratiba com a Itália diz respeito ao legado prometido. Segundo Capixaba, nas suas conversas com o consulado italiano, ficou acertado que haveria uma doação da Azzurra à cidade.
A primeira proposta foi a de providenciar iluminação para o estádio municipal, que abriga as partidas do Grêmio Mangaratibense, que joga na segunda divisão do Estadual do Rio. O projeto enviado pela Prefeitura, estimado em R$ 500 mil, foi considerado muito caro pelos italianos.
Um segundo projeto foi enviado, de reforma da quadra poliesportiva da cidade. O valor da obra seria de 50 mil euros (cerca de R$ 150 mil). "Eles aprovaram esse, mas até agora nada. Gostaria de fazer uma festa, levar crianças para a quadra, e receber os jogadores da seleção italiana no local", diz o prefeito.
Capixaba viu imagens de várias seleções confraternizando com moradores das cidades que os abrigaram. Viu os alemães, os holandeses, os ingleses e tantos outros relaxados, em contato com cidadãos brasileiros. E lamenta. "Os italianos são diferentes. É a única seleção que não é igual às outras. Muito frios".