Duelo com calendário da Champions desfalca Copa de craques pela 4ª vez

Do UOL, em Porto Alegre

O duelo de poder entre o futebol de seleções contra o universo dos grandes clubes chega ao quarto capítulo agora no Brasil, na Copa que talvez seja a mais afetada pelo esgotamento físico de craques. Nos últimos 15 anos, a Liga dos Campeões cresceu sem parar como o grande cenário da elite dos melhores do mundo e prosperou financeiramente, a ponto de rivalizar em importância com o Mundial. E uma das consequências da valorização do torneio conhecido como Champions é a passagem de bastão para a Fifa com os ídolos destroçados.

Boa parte do primeiro time dos craques do planeta chega à Copa deste ano afetada com o desgaste de uma temporada europeia exaustiva. Pior, uma parcela significativa de jogadores de nome da atualidade ficou pelo caminho graças a lesões, enfraquecendo seleções como França, Alemanha e Colômbia, por exemplo.

Em sua fase Champions League, o torneio europeu de clubes campeões virou o grande palco do futebol mundial. Este status foi atingido por novas estratégias de gestão da Uefa e também pela turbinada técnica. Se até o início da década de 90 apenas um representante por país disputava a competição, hoje a nata de cada liga aparece na disputa. E esse inchaço coincide com as baixas de Copa, desde a edição 2002.

O caso mais emblemático do Mundial de Coreia e Japão foi Zinedine Zidane, que jogou o torneio sem condições físicas, depois de levar o Real Madrid ao título europeu. O craque desfalcou a França na estreia e mal conseguia andar no jogo da eliminação, contra a Dinamarca, ainda na primeira fase. Antes, os campeões de 1998 também haviam perdido Robert Pires, por lesão. Outras seleções também sentiram o golpe da temporada de clubes, como a Inglaterra (Gerrard machucado) e a Alemanha (Scholl e Deisler).

Quatro anos mais tarde, Ronaldinho e Deco reconduziram o Barcelona ao topo do futebol europeu. Mas semanas depois, na Copa da Alemanha, foram apenas esboços dos craques que costumavam ser. Já Michael Owen nem pôde ir ao torneio, lesionado. No último Mundial, o Brasil de Dunga apostou em Kaká como ponto de desequilíbrio e pagou as consequências, já que o então jogador do Real Madrid viajou à África do Sul em condições físicas comprometidas. Por sua vez, David Beckham se estourou no Milan e ficou sem sua despedida em âmbito Fifa. 

Em 2012, o presidente da Uefa Michel Platini chegou a considerar o aumento do número de participantes da Liga dos Campeões, mas a união dos clubes do continente rejeitou a mudança. Assim, o calendário segue nos moldes atuais, o mesmo que há duas semanas entregou Cristiano Ronaldo, vencedor do torneio pelo Real, como uma incógnita para a seleção de Portugal.

Brasil não verá Ribéry, Falcao e outros craques

A febre de bola da Copa no Brasil será deflagrada de vez nesta quinta-feira (12), com a estreia da seleção contra a Croácia em São Paulo. Mas a festa poderia ser ainda maior, caso o calendário das competições de clubes não vitimasse parte significativa da elite dos melhores jogadores do mundo. Alguns nomes importantes serão baixa por lesão, enquanto alguns outros chegam longe das melhores condições.

Neste cenário, Neymar parece ser uma espécie de sobrevivente, mesmo vindo de um problema no pé esquerdo. O brasileiro perdeu a reta final da temporada europeia, em razão de um edema no quarto metatarsiano, sofrido em abril. Mas, ironicamente, a contusão poupou a estrela do período mais exigente do ano, em que alguns outros fora de classe acabaram "baleados".

A baixa mais recente na Copa é Franck Ribéry, que desfalcará a França. O craque do Bayern de Munique chegou a ser convocado e até participou da foto oficial da delegação. No entanto, o meia acabou cortado em razão de dores lombares crônicas.

Antes de Ribéry, a elite dos melhores do mundo havia perdido Radamel Falcao Garcia. O goleador colombiano vinha de uma ruptura de ligamentos no joelho e batalhou até o último momento para apressar a recuperação. No entanto, no prazo limite, a comissão médica de sua seleção decidiu que o atacante não teria condições para viajar ao Brasil.

Também o atacante Marco Reus disse adeus à Copa ao romper os ligamentos do tornozelo esquerdo em um amistoso de preparação da Alemanha.

A sombra das contusões também pairou recentemente sobre o melhor do mundo Cristiano Ronaldo. Após conquistar a Europa pelo Real Madrid, em uma temporada de recordes pessoais, o português se juntou à seleção de seu país, mas quase não participou dos treinos e disputou apenas o último amistoso contra a Irlanda, nos Estados Unidos, na última terça-feira (10). O craque se recupera de dores na coxa esquerda e de uma tendinose patelar no joelho. Assim, os lusos temem que seu astro não consiga demonstrar 100% de seu potencial em gramados brasileiros.

O mesmo temor acompanha o uruguaio Luiz Suárez. O atacante buscou o limite para ser o artilheiro e melhor jogador do último Campeonato Inglês, pelo Liverpool. Mas a estafa foi inevitável no fim da temporada, e o polêmico goleador precisou passar por uma cirurgia emergencial no joelho esquerdo. A presença do atacante na estreia na Copa contra Costa Rica ainda é uma incógnita.

Por sua vez, Lionel Messi vem de uma temporada repleta de pequenas ausências por motivos clínicos, que o deixaram para trás na corrida individual com Cristiano Ronaldo. O argentino virá ao Brasil igualmente com algum mistério a respeito de sua condição física.

As seleções de médio porte também perderam peças importantes antes da arrancada na Copa. Entre elas, duas adversárias do Brasil na primeira fase. Rival da estreia, a Croácia perdeu Nico Kranjcar, entre outros. Já o México lamentou a baixa de Luis Montes, após uma assustadora fratura em um amistoso de preparação.

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