Blatter apoia protestos pacíficos após pedir fim de confrontos
Rodrigo Mattos
Do UOL, em São Paulo
Após pedir o final de confrontos na Copa-2014, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, defendeu que o futebol pode servir para mudanças na sociedade. E até disse que a Fifa apoia aqueles que fizerem protestos pacíficos. Na terça-feira, ele pregara que fossem interrompidos os confrontos durante o Mundial.
"A Fifa tem defender futebol, apoiar aqueles que lutam pelo futebol, e proteger protestos pacíficos e liberdade de expressão. E pessoas têm o direito de querer melhor mundo para suas crianças. Futebol deve ser um meio para mudanças, não obstáculo", afirmou o dirigente, em um dos seus dois discursos desta manhã de quarta-feira, no Congresso da Fifa.
A Fifa tem adotado uma posição ambígua em relação às manifestações contra a Copa-2014, iniciadas no meio do ano passado com a Copa das Confederações. Inicialmente, Blatter disseram que o futebol não deveria ser usado como palco para protestos. Depois, admitiu que há liberdade de expressão, mas pediu trégua durante o Mundial. Agora, ele defende o futebol como meio para mudanças sociais, apoiando protestos pacíficos.
Sobre pressão interna na Fifa - os cartolas da UEFA (Federação Europeia de Futebol pediram a sua saída -, ele reconheceu que nem todo mundo está satisfeito dentro da organização. "Nem todo mundo vai estar feliz. É impossível. Então, se expressem", disse ele. E também admitiu que, sim, haverá uma discussão política, interna e externa, relacionada ao futebol.
"É um negócio multibilinário. Cria oportunidades poderosas. Mas cria situações controversas, e algumas mudanças. Nesse mundo em mudança, pergunta se futebol é política. Dizemos não. Mas se olhar para agenda, verá que temos que tocar a política. Talvez podemos tentar resolver problemas que governos. "É um negócio multibilinário. Cria oportunidades poderosas. Mas cria situações controversas, e algumas mudanças. Nesse mundo em mudança, pergunta-se futebol é política. Dizemos não. Mas se olhar para agenda (do congresso), que temos que tocar a política. Talvez podemos tentar resolver problemas que governos não consegue."
Há uma expectativa de que os europeus manifestem seu descontentamento com Blatter durante o Congresso. Além de falar de política interna, ele falou sobre medidas para combate ao racismo. E pediu penas mais duras para times envolvidos com caso de discriminação. "Estádios vazios não são suficientes. Perda de pontos, expulsões e rebaixamento de times devem ser pensadas", defendeu.
Em relação às acusações de corrupção contra a Fifa, relacionadas à escolha do Qatar-2022, Blatter defendeu que a entidade deve atuar com integridade e honestidade. E afirmou que ele carrega essa chama em sua gestão.