Abandonado por Dilma e políticos, Blatter pede fim dos confrontos na Copa
Rodrigo Mattos
Do UOL, em São Paulo
Durante o seu discurso de abertura do 64º Congresso da Fifa, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediu que sejam suspensos quaisquer confrontos durante a Copa-2014, em uma fala que parece dar recado a movimentos sociais que protestam contra o Mundial. Seu discurso aconteceu, no entanto, em uma cerimônia esvaziada de políticos. Nem a presidente Dilma Rousseff, nem o governador Geraldo Alckmin, e o prefeito Fernando Haddad compareceram.
"Com essa Copa, o Brasil mandará para bilhões as emoções em meio a esse mundo de distúrbios. É o nosso desejo e da família futebol que todas as atividades beligerantes cessem, e o futebol conecte pessoas, e construa pontes", afirmou o dirigente em seu discurso de abertura. Anteriormente, ele já vinha pedindo apoio do povo brasileiro em relação ao Mundial em uma campanha iniciada pela Fifa para minimizar problemas na competição. A federação internacional teme que se repitam as manifestações ocorridas na Copa das Confederações.
Blatter fez referências indiretas aos distúrbios no mundo político do futebol. Na manhã desta sexta-feira, a maioria dos dirigentes da UEFA (Federação de Futebol da Europa) pediu a saída de Blatter em 2015, sem uma candidatura à reeleição. Cobram dele uma promessa de que não voltaria a se candidatar. Também há pressão sobre o presidente da Fifa em relação às acusações de corrupção na escolha do Qatar para sediar a Copa-2022.
"Estamos em uma festa, a discussão de tudo que está ligado a futebol... vamos discutir amanhna. E se houver problemas podemos resolver hoje à noite. Mas agora vamos estar em São Paulo para a cerimônia de abertura (do congresso). Tive o respeito de encontrar a presidente do Brasil, Mrs Dilma Rousseff. Será um grande evento para o Brasil. Infelizmente, ela não pôde estar aqui agora, mas o mininstro do Esporte a representou"; observou.
Dilma não foi a última ausente. Na primeira fila da festa de abertura, estava apenas um governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. É tradição nos congressos da Fifa realizados fora da Suíça que o presidente do país, ou pelo menos o prefeito ou governador local estejam presentes. Isso não aconteceu no centro de convenções de hotel na zona sul de São Paulo. Além de Queiroz, estava presente o ministro do Esporte Aldo Rebelo, que leu uma mensagem de Dilma Rousseff.
"Trabalhamos muito para atender as necessidade estruturais do torneio (Copa). Construímos e reformamos 12 estádio espalhados pelo territórico nacional. Implantamos e modernizamos equipamentos que darão suporte ao Mundial e depois servirão como benefício para o povo brasileiro. Trabalhamos pela Copa tanto quanto queremos ganha-la", afirmou a carta da presidente, que deu as boas-vindas a Blatter.
Em seguida, ela exaltou o futebol brasileiro, e até a exportação de atletas para o exterior. "Nossos jogadores se espalham por gramados do mundo. Países até querem nacionalizar nossos jogadores. (…)Com todo esse ativo no esporte, e em colaboração com os senhores, estamos prontos para realizar a Copa das Copas", completou a presidente.
A Fifa e o governo brasileiro tiveram alguns desentendimentos durante a preparação para a Copa. E a presidente Dilma tem tentado dissociar sua imagem dos cartolas da federação internacionais, altamente impopulares como demonstram as manifestações.