A seleção se orgulha de ser um time de operários, que tem o conjunto como principal força. Só que de todos os trabalhadores da seleção, ninguém é mais "invisível" que Luiz Gustavo. Primeiro volante, sem muita aptidão para avançar e discreto, ele é uma espécie de oposto de uma estrela como Neymar. 

"Sou muito tranquilo, não faço a mínima questão de ser conhecido ou de aparecer mais que os outros. Sempre quero ganhar e procuro me doar ao máximo para atingir esses objetivos. Procuro provar a mim mesmo que sou capaz de atingir meus sonhos. É isso que me motiva", disse o volante. 

Luiz Gustavo tem voz de um radialista, fala grosso, mas a maneira com que responde às perguntas em uma sala lotada de repórteres e fotógrafos dá a impressão de que o som está baixo. Nascido e criado em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, o volante responde todas as questões pausadamente e quase não altera sua fisionomia fechada.

"Não sou bravo não. Só sou quieto, tranquilo. Não consigo ficar sorrindo muito. Quem me conhece sabe que sou um cara tranquilo, super da paz", disse o volante, admitindo que em campo faz cara de mau. "Não é que me transformo, mas é a coisa de sempre querer ganhar. Isso tem me acompanhado durante toda a carreira e tem ajudado as equipes em que passei", completou.  

A postura de xerife é uma resposta aos pedidos de treinador, que o efetivou como titular às vésperas da Copa das Confederações. É Luiz Gustavo quem faz o trabalho sujo da seleção, desarmando os rivais e cobrindo as subidas dos laterais. Dele, Felipão só espera comprometimento. 

"Ele sempre deixa bem claro qual é a minha função, que é a parte defensiva. Quando eu fiz um gol contra a Austrália, ele chegou no vestiário e disse: "Está bom, é isso, não precisa fazer mais não'. É bom porque deixa bem claro o que eu posso fazer", disse Luiz Gustavo.

É o oposto do que se espera de Neymar. A estrela da seleção estrela comerciais publicitários, atrai a atenção das meninas, é o mais assediado pela imprensa e tem, nos pés, a responsabilidade de decidir a Copa do Mundo para o Brasil. Luiz Gustavo, se tentasse ser mais ousado, talvez nem estivesse no grupo. 

No ano passado, o volante deu uma prova do seu comprometimento com a seleção resolvendo rapidamente seu problema com o Bayern de Munique. Campeão da Europa como titular no ano anterior, ele soube que perderia espaço com a chegada de Guardiola. Para não correr riscos, tratou de mudar-se para o Wolfsburg para, mesmo na periferia do futebol, seguir atuando com frequência. 

"Ele [Felipão] me deu a oportunidade que eu tanto queria. Isso para mim não tem preço. Conforme ele deu eu aproveitei e estou nesse grupo maravilhoso, com a chance de realizar o sonho de milhares de brasileiros. Estou muito agradecido por isso", completou Luiz Gustavo.