Longe da melhor forma, mas decisivo. Fred revive o "matador infalível"

Gustavo Franceschini, Luiza Oliveira e Paulo Passos

Do UOL, em Teresópolis

Fred
Fred

Fred está longe de sua melhor fase e fala abertamente sobre isso. Só que mesmo depois de um ano difícil, em que sofreu com lesões e viu seu time falhar feio, o atacante segue como titular absoluto da seleção brasileira. Com todos os problemas, o camisa 9 de Luiz Felipe Scolari revive a ideia do "matador infalível", que pode decidir uma partida a qualquer momento, ainda que não esteja jogando tão bem.

"Ele tem uma bola e mata". Foi com essa expressão que Felipão definiu seu atacante depois que ele marcou, deitado, o gol da vitória sobre a Sérvia, na última sexta.

O amistoso no Morumbi é um bom resumo do atual momento de Fred. O centroavante não tem treinado bem, vacila nos trabalhos de finalização e estava sumido em campo no último amistoso antes da Copa do Mundo. A torcida, irritada, chegou a pedir Luis Fabiano. O 9 dominou um cruzamento no peito e, caído, bateu na saída do goleiro sérvio, garantindo o 1 a 0 para o Brasil.

Nos últimos 20 anos, o torcedor brasileiro se acostumou a ver atacantes com poder de fogo capaz de decidir uma partida em um lance de genialidade. Romário, em 1994, e Ronaldo, em 2002, foram decisivos nas conquistas recentes da seleção, que se ressentiu de substitutos sem os dois.

Há quatro anos, Luis Fabiano chegou à África do Sul avalizado pelo bom desempenho nas Eliminatórias sob o comando de Dunga, mas não conseguiu fazer a diferença. Fred, um dos candidatos à sucessão de Ronaldo àquela altura, viu a Copa de longe, às voltas com seus próprios problemas. Em entrevistas recentes, o atacante já admitiu que a falta de maturidade o atrapalhou.

"Se não tivesse feito o que fiz quando era mais novo não teria tanta vivência. Para adquirir vivência tem de passar uns perrengues, dar umas cabeçadas. Pra mim foi bom. Minha filha vai crescer e eu vou falar: 'Não faz isso'. E mesmo assim ela vai fazer [risos]", disse o atacante.

Fred é mineiro, mas incorporou o estilo carioca à sua imagem. Domina as resenhas com os companheiros, desfila pelas praias cariocas seguido por paparazzis e tem fama de pegador. Tudo casa com a ideia do "matador infalível". Só que, para ir à Copa, ele teve de desconstruir um pouco o personagem.

Depois de ter sido o artilheiro da Copa das Confederações, Fred sofreu seguidas lesões e viu seu Fluminense naufragar no Campeonato Brasileiro, se salvando do rebaixamento somente nos tribunais. Para não correr o risco de perder seu lugar na seleção, o atacante entrou na linha. Fez tratamentos intensivos para recuperar a forma física, arrumou uma namorada e passou até a frequentar a igreja.

"O que eu passei a fazer é respirar futebol, viver futebol. Sonhei a vida inteira em disputar uma Copa e de repente tinha possibilidade de jogar, ainda mais sendo no Brasil. Passei a fazer de tudo para chegar nos treinos e jogos 100% para dar meu melhor", disse Fred.

Nem a fanfarronice antes dos jogos é a mesma. No ano passado, antes da Copa das Confederações, o camisa 9 teve seu momento falastrão e prometeu um gol por jogo na competição. Cumpriu aos trancos e barrancos, depois de um início ruim no torneio. Dessa vez, ele prefere ser mais cauteloso.

"Eu não vou prometer nada. Em 2013 eu fiquei dois jogos sem fazer e vocês quase me mataram. Vou mudar de tática. Não vou falar nada para fazer a mesma coisa na Copa", brincou. 

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