Camarões desembarca no Brasil com crise e polêmicas na bagagem

Felipe Pereira

Do UOL, em Vitória (ES)

Com um dia de atraso por causa de brigas pelo valor da premiação, a seleção de Camarões chegou a Vitória as 12h08 desta segunda-feira. O jogadores chegaram em um avião da Gol e entraram no ônibus num área sem acesso visual frustrando as pessoas que desejavam tirar uma foto de Samuel Eto'o.

Em seguida a delegação foi escoltada por um grande comboio de carros da polícia até o hotel em que ficará hospedada. A chegada da seleção no aeroporto não chamou atenção da cidade. Mesmo no segundo andar do aeroporto, com vista para a pista, a maioria das pessoas prestavam atenção ao celular e conversavam nos café.

O soldador Giordani Dias, 24 anos, eram uma das 16 pessoas com os olhos colados ao vidro. Mas ele explicou que foi pura coincidência e foi até o local apenas para passar o tempo. Somente ao ver o ônibus com a bandeira de Camarões estacionando na pista é que quis saber o que acontecia.

No saguão localizado no primeiro andar os passageiros nem sabiam da presença da delegação no local. O interesse estava concentrado nos funcionários das companhias aéreas. Nem o atraso de Camarões colocando dinheiro acima do Mundial diminuiu o interesse e a simpatia deles que cercaram as equipes de televisão dos país africano e forçavam o inglês para saber detalhes sobre Eto'o.

Roger Milla também foi lembrado e o grupo ficou feliz ao saber que o ex-atacante que ganhou notoriedade na Copa de 1990 estava no avião com os jogaodres. Ele é embaixador do esporte camaronês e acompanhará o time na Copa. Junto com Eto'o, ex-atleta era sonho de consumo das fotos que não puderam ser tiradas.

O desembarque dos atletas estava previsto para domingo à tarde, mas foi adiado porque os jogadores se recusaram a entrar no avião sem rediscutir os valores pagos para disputarem a Copa. O acordo fechado prevê pagamento de cerca de R$ 230 mil a cada jogadro e divisão de 6% do dinheiro repassado pela Fifa. Isto corresponde a quase R$ 1 milhão e aumenta se a seleção avançar de fase.

O acordo não significou o fim dos problemas de organização dos camaroneses. Os jogadores Cédric Djeugoue e Fabrice Olinga não apareceram no aeroporto. A imprensa local explicou que não era revolta ou má vontade, mas falha da federação de futebol que esqueceu a dupla no hotel. Também surgiram boatos de que Eto'o não viajou, o que foi desmentido por fotos divulgadas pelo atacante nas redes sociais.

A falta de organização, brigas nos vestiário, disputa entre cartolas e vaidades de jogadores são apontados como motivo para os maus resultados da seleção africana desde a Copa da África do Sul. Naquela edição da competição a equipe foi eliminada na primeira fase depois de três derrotas. A decepção continuou e ano passado o time não conseguiu nem vaga para a Copa Africana de Nações.

As divisões no vestiário começaram quando Samuel Eto'o se tornou capitão as vésperas da Copa de 2010, o que causou ciúmes no ex-dono da braçadeira Rigobert Song. Foi o estopim para uma série de disputas internas. Em seguida, jogadores jovens se desentenderam com os mais experientes.

Outro episódio que mostra a crise da equipe foi a declaração de Eto'o em fevereiro de 2013 de que sofrera ameaças de morte de dirigentes da Federação Camaronesa de Futebol. De acordo com a imprensa local, o atacante foi usado por cartolas para atingir adversários. A disputa pelo comando do futebol de Camarões é um dos problemas do time porque os jogadores são usados para atingir rivais.

As brigas por dinheiro também fazem parte da história recente do time. As vésperas de embarcar para o Mundial de 2002 os jogadores se recusaram a deixar o hotel em que estavam, na França, até obterem um aumento na premiação.

Como na última Copa a promessa é deixar os problemas de lado e unir o grupo. Mas até o momento a preparação de Camarões é uma repetição das derrotas do passado.

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