"Querem destruir a Fifa", diz Blatter, em campanha por mais um mandato

Ricardo Perrone e Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, fez nesta manhã em São Paulo um discurso em prol de sua candidatura a mais um mandato na entidade, e afirmou que querem destruir a Fifa, sem citar nomes. Foi a reação à pressão que sofre de patrocinadores, imprensa e dirigentes europeus por conta das acusações de corrupção na escolha do Qatar para a Copa-2022.

De acordo com jornais ingleses, dirigentes de federações e da cúpula da Fifa receberam dinheiro supostamente para favorecer a candidatura do país árabe. O ex-membro do Comitê Executivo da Fifa, Mohammed Bin Hamman pagou US$ 5 milhões a esses cartolas, segundo o Sunday Times. As investigações da Fifa em torno do caso se mantêm em sigilo e seu resultado só será revelado após a Copa-2014. Blatter afirmou que seria em setembro e outubro

Mas o cartola usa o escândalo para pedir apoio, e união dos dirigentes em torno dele. "Peço a todos os membros das federações asiáticas que mostrem união, essa é a melhor maneira de responder aos que querem destruir, não o futebol, mas destruir a entidade [Fifa]. Vamos mostrar que somos unidos e que a entidade não pode ser destruída", afirmou o dirigente que preside a federação internacional desde 1998.

 "Meu mandato chega ao fim em 2015, mas a minha missão ainda não acabou", disse Blatter em seu discurso no congresso da Confederação Asiática de Futebol.

O dirigente também está em guerra contra a proposta de uma regra que limita em 72 anos a idade para os candidatos à presidência da Fifa. Blatter terá 79 anos no ano que vem, quando acontecerá a eleição, e considera a sugestão uma forma de discriminação.

A limitação é defendida pela Uefa, a confederação europeia, presidida por Michael Platini, provável candidato de oposição na Fifa.

Na saída do congresso, Blatter não respondeu à pergunta sobre quem quer destruir a Fifa. A declaração deixou em polvorosa jornalistas ingleses, porque antes de falar em tentativa de destruição ele citou a maneira como a imprensa britânica cobre o caso envolvendo a suposta compra de votos na escolha do Qatar como sede.

A assessoria da Fifa afirmou que foi uma afirmação genérica e que cada jornalista deve fazer a sua análise.

Também nesta manhã, Blatter já havia citado o caso envolvendo o Mundial de 2022. Em seu discurso no Congresso da Confederação Africana, o suíço afirmou existir uma tempestade na Fifa referente à Copa no Qatar e declarou haver racismo e discriminação em relação ao caso, mas não deu maiores explicações.

Por sua vez, a Confederação Africana emitiu uma nota atacando a imprensa britânica. A entidade tem membros acusados de corrupção no "Qatargate".

A entidade afirma que tem sido alvo de uma campanha difamatória por parte de alguns veículos de comunicação, principalmente por parte da imprensa inglesa.

Blatter está sob forte pressão. A maioria dos patrocinadores da Copa do Mundo, incluindo Adidas, Coca-Cola e Sony, pediu uma resposta apropriada às acusações de corrupção. A alegação dos parceiros da entidade é de que o escândalo mancha a imagem da entidade.

 

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