Símbolo nacionalista, Copa tem recorde de jogadores 'imigrantes'
Fernando Duarte
Do UOL, no Rio de Janeiro
Invariavelmente atrelada a noções de nacionalismo, a Copa do Mundo chega ao Brasil revelando um namoro cada vez maior com a globalização e a conveniência. Segundo um levantamento do jornal holandês "De Volkskrant", o torneio terá um recorde de jogadores "vira-casaca", os que trocaram de nacionalidade para poder defender seleções de outros países: serão 40, inclusive os brasileiros Diego Costa, Pepe e Eduardo, este já garantido como adversário da seleção brasileira por atuar na Croácia.
O estudo do "De Volksrant" foi motivado pelo fato de que a seleção holandesa que desembarcou nesta sexta-feira no Brasil trouxe um de seus times mais globalizados. Se anteriormente era comum encontrar atletas nascidos no Suriname, ex-colônia holandesa, a equipe atual conta com um canadense, o meia Jonathan de Guzmán e até um português, o zagueiro Bruno Martins.
Oficialmente, a Fifa informa que 174 jogadores mudaram de nacionalidade desde 2007 – curiosamente, o ano em que foi confirmado como sede do Mundial de 2014. Mas foi 2009 que marcou uma intensificação dos pedidos: uma moção apresentada pela Argélia pediu e conseguiu uma relaxamento nas regras de elegibilidade de jogadores, estabelecendo que a ausência de jogos oficiais por alguma seleção credenciava interessados para a "virada" – anteriormente, havia limites de idade.
Foi o caso, por exemplo, de Diego Costa, que vem ao Brasil defender a "Fúria" apesar de ter atuado 20 minutos pela seleção brasileira num amistoso contra a Itália no ano passado. A Argélia legislou bastante em causa própria: sua seleção no Brasil tem oito jogadores que no passado defenderam a França nas divisões de base. Na Bélgica, o atacante Adrian Januzaj virou um caso célebre: as novas regras da permitiam que ele pudesse escolher nada menos que cinco países para representar – os belgas foram escolhidos por ser o país de nascimento do jovem descendente de croatas e turcos e filho um albanês e uma kosovar.
O estudo do "Volkskrant" revela ainda que há um festival de jogadores com dupla cidadania: 248 dos 736 inscritos para o torneio. A Copa, disputa por seleções de 32 países, terá a participação "indireta" de 75.