Argentina continua escondendo o jogo sob a neblina de Ezeiza

Carolina Juliano

Do UOL, em Buenos Aires

O frio de 3 graus e a densa neblina que envolvia o centro de treinamento da seleção argentina em Ezeiza, nesta terça-feira (27), só aumentava o hermetismo em torno da preparação do principal rival do Brasil na Copa do Mundo.  Não se via nada no horizonte esbranquiçado além da silhueta de policiais federais montados a cavalo guardando os segredos de Alejandro Sabella. Mais uma vez a seleção treinou com os portões fechados e durante quase toda a manhã dentro do ginásio por causa do frio.

Depois das 11h, quando o sol apareceu, os jogadores ainda tocaram bola individualmente e participaram de um curto coletivo que acabou antes das 13h. Segundo o cronograma da AFA (Associação do Futebol Argentino) nesta terça-feira só haveria treino físico na parte da manhã. Depois disso os jogadores seriam liberados para almoçar fora do centro de treinamento e voltariam para permanecerem concentrados na parte da tarde.

Nesta quarta-feira, o técnico Alejandro Sabella resolveu abrir finalmente os portões - pero no mucho - para a imprensa, a partir das 11h, para assistir a parte final do treinamento marcado para começar às 9h30. A expectativa é de que, após o término dos exercícios, alguns jogadores falem pela primeira vez com os jornalistas credenciados. 

Antidoping surpresa

Uma visita surpresa e inesperada de uma equipe da Fifa, no entanto, atrasou o almoço. Segundo o canal TyC Sports, seis médicos da entidade entraram em Ezeiza quando acabou o treinamento para realizarem exames antidoping em alguns jogadores da seleção. O exame é uma prática da Fifa, que já o realizou na seleção do Chile, na semana passada. Não foram divulgados os nomes dos jogadores que foram submetidos ao exame de urina nem os resultados.

Aos que enfrentam o frio para trabalhar, no caso dos jornalistas; para bisbilhotar, no caso dos curiosos, ou para tietar, no caso dos fãs, só restou uma imagem de longe do grupo de jogadores tocando bola ao sol por pouco mais de uma hora. As equipes de TV que entram ao vivo desde as 7h, não se esqueceram das cadeiras para descansar, da garrafa térmica com água quente e da cuia de mate para matar o tempo.

 "Hamburguesa completa"

 Mas mesmo os desprevenidos, que montam guarda na esperança de ver os ídolos de perto em algum momento já não passam mais fome durante o plantão. O vendedor Victorio, 31 anos, que costuma vender sanduiches e bebidas nos jogos no River Plate, foi hoje experimentar a freguesia da seleção argentina e montou sua chapa no gramado encharcado junto da rodovia que leva ao Aeroporto Internacional de Buenos Aires.

"Hoje não tem muita gente porque a seleção encerra o treino às 13h, mas amanhã é o dia todo, aposto que vão vir famílias inteiras e é uma oportunidade para ganhar dinheiro", diz ele enquanto mexe com uma espátula o acebolado na chapa e vira os hambúrgueres. "Temos que aproveitar as situações onde haverá gente por muito tempo. Gente tem fome."

Victorio viajou mais de 40 Km de sua casa, em Merlo, província de Buenos Aires, até Ezeiza para vender suas "hamburguesas completas" por 20 pesos cada (cerca R$ 5,5) e torce para que a névoa se levante, o hermetismo acabe e Sabella abra os portões. "Assim fica todo mundo contente,

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