Avião da seleção na Copa do Mundo terá pintura dos grafiteiros Os Gêmeos

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

Vai ser fácil identificar o avião que transportará a seleção brasileira na Copa do Mundo. A fuselagem do Boeing 737 foi decorada com uma pintura assinada pelos gêmeos Otávio e Gustavo Pandolfo, grafiteiros internacionalmente conhecidos com trabalhos em vários países da Europa, Estados Unidos e Cuba.

A reportagem do UOL Esporte teve acesso com exclusividade ao jato que está sendo preparado para ficar à disposição da seleção durante toda a Copa do Mundo e foi o primeiro veículo de imprensa a registrar imagens da obra de "Os Gêmeos".

O avião, que já teve sua pintura concluída, fará o primeiro voo com a nova cara nesta terça-feira, entre Belo Horizonte e São Paulo, transportando passageiros convencionais -a Gol informa que quando ele não estiver transportando a seleção, atenderá as viagens conforme a demanda diária. Terminada a competição, será incorporado à frota.

Os Gêmeos contam que a motivação da pintura é que o público se identifique com algum dos rostos pintados no avião. "Todo mundo já pensou em caminhar sobre as nuvens. E isto só é possível com um avião e as caras pintadas nele", explica Otávio.

Os próprios autores da obra confessam que gostariam de voar no Boeing que ficará com o grafite na fuselagem por dois anos. "Neste tempo pelo menos uma vezinha tem que dar", diz Gustavo. 

O resultado final agradou bastante os funcionários do hangar da Gol no Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. Mas o engenheiro de interiores e pintura, Alexandre Martins, não esconde que no início tudo soava muito estranho.

"Achei muito legal, eles são muito bons. Mas no começo não entendi nada. Eles começaram rabiscando com spray, fazendo caras e na hora a gente não sabe o que vai acontecer"

Parte do sucesso do projeto tem a ver com o trabalho do engenheiro. Antes de tudo começar foram feitos testes para descobrir como fazer para a tinta aderir à fuselagem. A pintura antiga foi raspada e o spray aplicado. Martins acrescenta que depois é passado um verniz para proteger contra os raios UVA e UVB. 

A previsão inicial era de levar 15 dias para concluir o serviço, mas tudo acabou em uma semana. O processo consumiu cerca de 1,2 mil latas de spray. Martins explica que as asas não foram pintadas por questão de segurança. "O cinza foi mantido porque é mais fácil de detectar problemas como vazamentos ou danos".

A preocupação dos gêmeos era outra, fazer do avião uma obra de arte. "A gente transformou o hangar num ateliê", resume Otávio. Ele explica que a ideia nasceu há cerca de um ano e foi apresentada a Gol que aceitou. A intenção da dupla vai além de enfeitar a aeronave que transportará o Brasil na Copa.

Desta maneira, os artistas esperam atenuar o clima sisudo dos aeroportos. "Queremos quebrar um pouco a rotina, fazer as pessoas se distraírem", diz Gustavo. Antes de por a mão na massa, a dupla fez um esboço de projeto, mas durante a execução novidades apareceram. As imagens nas turbinas estão neste grupo.

As duas turbinas têm a figura de uma pessoa e há uma razão para isso. "A turbina tem uma pessoa deitada. Resolvemos colocar a cabeça ali porque é o que faz o avião se mexer e a cabeça é o que faz tudo se mover".

A explicação é um exemplo do que a Gol pretendia quando escalou a dupla para o projeto de aproximar os passageiros da arte, conta a diretora de Marketing. "Nosso principal ativo é a aeronave que virou uma arte itinerária". Florence aprovou o resultado e pretende viajar no avião estilizado.

"Eu adorei. Teve briefing com eles. No campo da ideia é uma coisa, quando vê aquela grande escultura materializada é uma impressionante".

Se por fora o avião é diferente, dentro não há nada de especial. São 177 poltronas, a configuração de uma aeronave da mesma categoria na Gol. Não há salas de reunião para Felipão pensar táticas ou exibir vídeos com esquemas de adversários. Isto ocorre porque depois o jato será anexado à frota.

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