Mudanças na malha aérea durante a Copa não garantem conforto a passageiros

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

As mudanças na malha aérea anunciadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) nesta quinta-feira, 16, vão levar mais voos para as cidades-sede da Copa do Mundo entre junho e julho. Isso não significa, porém, que os passageiros vão encontrar conforto nos terminais, segundo especialistas ouvidos pelo UOL Esporte.

O grande fluxo de passageiros deve provocar filas e atrasos durante o mundial. Apesar disso, não há nenhum risco à segurança, na opinião dos especialistas.

"Se a qualidade do serviço aéreo vai piorar durante a Copa? Vai. A queda de qualidade nos aeroportos é previsível porque a demanda vai ser muito grande e precisa ser atendida em um espaço de tempo muito curto", afirma o professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Poli-USP, Jorge Eduardo Leal Medeiros.

Umas das justificativas, segundo Medeiros, é que sistemas de transportes não são projetados para oferecer conforto a seus usuários em situações de pico. "Você não dimensiona um aeroporto para uma situação de pico, senão ele vai ficar ocioso a maior parte do tempo. E o custo disso é altíssimo. Então é bem provável que haja um pouco de desconforto", diz o engenheiro Edgard Brandão, ex-superintendente da Infraero em São Paulo.

Por outro lado, a experiência de outras cidades que sediaram grandes eventos esportivos como Copa e Olimpíadas mostra que o número de viagens de negócios e turismo interno cai de forma considerável, o que reduz a pressão sobre a malha aérea.

Existe, também, uma limitação física. Como os aeroportos ainda estão em obras, não há certeza de que haverá espaço suficiente para a movimentação dos aviões no solo e estacionamento das aeronaves. Os especialistas lembram, ainda, que alguns aeroportos importantes de São Paulo não funcionam durante a noite, o que pode limitar os horários dos voos.

Ao aprovar 1.973 novos voos a Anac levou em consideração o cronograma de obras apresentado pela Infraero, que garante que todas as obras estarão concluídas a tempo. 

O professor Elton Fernandes, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) lembra que é importante cobrar a modernização dos aeroportos. No meio do ano é comum que os terminais do sul do País fiquem fechados por causa da neblina. O problema seria resolvido com a instalação de equipamentos que permitem pouso e decolagem nessas situações.

Fernandes também lembra que a modificação na malha aérea foi feita pelas próprias companhias aéreas. Na sua opinião, a Anac deveria ter um departamento responsável por esse tipo de estudos para que houvesse garantia que as mudanças não vão beneficiar apenas o mercado. "Não posso dizer que essa mudança é a melhor possível. Mas certamente é a melhor possível para as companhias aéreas", disse.

As empresas ainda podem propor mudanças no plano apresentado pela Anac, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). "As companhias aéreas irão analisar os voos aprovados, efetuar eventuais ajustes em suas malhas e, após esse processo, adicionar os novos trechos em seus sistemas de vendas. As companhias poderão também não efetuar todas estas mudanças de uma só vez, contemplando novos voos e horários a partir das próximas semanas".

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