Sanchez diz que Kassab foi mais importante que Lula para o Itaquerão
Vagner Magalhães
Do UOL, em São Paulo
O ex-presidente do Corinthians e responsável pela construção do Itaquerão, Andrés Sanchez, reafirmou nesta sexta-feira, em São Paulo, que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teve participação efetiva na construção do estádio. Porém, disse que o principal responsável por trazer a abertura da Copa para São Paulo e viabilização do estádio foi o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Citou também o ex-governador Alberto Goldman (PSDB).
"O Lula teve participação muito forte no estádio. Ele é conselheiro vitalício do Corinthians. Muita gente diz que ganhamos o estádio de graça. É papo que ele deu estádio para o Corinthians. Estou esperando até hoje."
Sanchez diz que o Corinthians tem R$ 630 milhões para pagar em 12 anos. "O que o Lula fez foi dizer que, se tínhamos projeto, o estádio precisava ser construído na zona leste, para desenvolver a região. O Goldman e o Kassab é que foram me procurar, porque São Paulo não podia ficar fora da Copa", disse ele. A negociação para os mais de R$ 400 milhões de isenção de impostos, aprovados pela Câmara Municipal, teve participação política direta de Kassab.
Mais cedo, o Corinthians, por meio de nota, informou que a única participação de Lula no processo foi a "intenção de que a Arena Corinthians fosse construída na zona leste de São Paulo", rebatendo reportagem da revista Exame sobre os "mistérios" da obra do estádio de abertura da Copa do Mundo.
Sanchez lembrou que o Brasil foi pedir para sediar a Copa e aceitou os encargos da Fifa. E que agora estranha as críticas ao Mundial, que está prestes a ser iniciado. "Agora não adianta, um ano e meio antes da Copa, dizer que não concorda com isso ou com aquilo. A imprensa está toda contra. O Brasil aceitou os encargos. Um ano e meio antes da Copa, aparece um monte de gente dizendo que não concorda com isso e com aquilo", afirmou.
Segundo Sanchez, dizem que houve roubo - na preparação para a Copa - mas ele não viu. "Não me provaram. A ponte que fizeram há três anos (...), o metrô. Aqui falam que tudo tem roubo. É um pouco de hipocrisia. Já fui acusado de um monte de coisa sem ser verdade. O estádio, foi aquela briga. São Paulo ia perder a sede da Copa".
Ele afirmou que ao ver as atuais passeatas, acha esquisito todo mundo dizer que não vai ter Copa. "Sou oriundo de sindicato, acostumado a cobrar, reclamar. Fazer protesto é uma coisa. Fizeram em frente ao estádio do Corinthians. Outra coisa é invadir, quebrar. Estão aproveitando a Copa para fazer reivindicação", disse.
Na opinião de Sanchez, o Brasil está perdendo uma oportunidade única."Não dá para recuperar. É culpa dos brasileiros, do poder público. Tudo isso é bom para o Brasil e para São Paulo. São Paulo fez a sua parte".
Sobre a ocupação "Copa do Povo", nas imediações do estádio, ele faz uma crítica subjetiva. "Só faltava eles entrarem no estádio do Corinthians e morarem lá dentro. Quase não se consegue chegar na ocupação de tanto carro que tem ali. Tem gente que prefere carro, outros moradia."
Sanchez que participou na noite desta sexta-feira do debate "As esferas internacionais que permeiam o jogo", no encerramento do VIII Simpósio América Latina da Fasm (Faculdade Santa Marcelina).