PM está mais preparada para lidar com protestos, diz ministro da Justiça

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    José Eduardo Cardozo inaugurou nesta sexta o Centro Integrado de Comando e Controle de Brasília

    José Eduardo Cardozo inaugurou nesta sexta o Centro Integrado de Comando e Controle de Brasília

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou na tarde desta sexta-feira (23) que as polícias militares e forças de segurança em geral estão mais preparadas para lidar com eventuais manifestações durante a Copa do que estavam há pouco menos de um ano atrás, durante a Copa das Confederações, em junho de 2013. Na época, cenas de vandalismo e violência entre polícia e manifestantes em meio aos protestos se espalharam pelas principais capitais brasileiras e atingiu várias vezes até torcedores do mundial de futebol, que tentavam chegar aos estádios em Fortaleza, Brasília e no Rio de Janeiro, por exemplo.

De acordo com o ministro, houve um aprendizado nesse período com os erros ocorridos durante o torneio de 2013, e estes não devem se repetir na Copa do Mundo, que começa em 20 dias.  "Aquelas situações que aconteceram na Copa das Confederações não deverão se repetir", afirmou. "As forças policiais estão mais treinadas para atuar nesses casos".

"Não podemos aceitar o abuso de quem quer que seja, a violência por parte de manifestantes ou por parte de policiais", disse. "As manifestações são legítimas, desde que não se atinja o direito de outros".

Segundo Cardozo, 13 mil policiais nas 12 cidades-sede foram treinados para lidar especificamente com manifestações. Ele disse que a "sensação" do governo é de que as manifestações serão menos intensas do que em junho do ano passado.

Na semana passada o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, havia admitido em entrevista exclusiva ao UOL Esporte que a PM cometeu excessos na repressão das manifestações de junho de 2013 em muitos casos. Na ocasião, Carvalho também revelou em primeira mão que o governo federal havia desistido de apoiar um projeto de lei em tramitação no Senado que endurece as penas para atos de vandalismo, lesão corporal e homicídio quando cometidos em meio a manifestações.

Sobre este recuo, o ministro da Justiça desconversou e disse que uma alteração nas leis não é necessária, mas que se assim decidir o Congresso, ela será bem-vinda. "Quando o planejamento de segurança da Copa do Mundo foi feito, foi baseado na legislação em vigor, nunca contamos com nenhuma mudança", disse ao assegurar que o que está em vigor é suficiente. "Mas se o Congresso aprovar uma nova legislação tenho certeza que será para aperfeiçoar a existente".

Integração

Cardozo fez a declaração ao lado do ministro da Defesa, Celso Amorim, durante o anúncio da entrada em operação do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, no Palácio do Planalto. Em Brasília funcionará o centro responsável por receber informações e coordenar os trabalhos nos Centros Integrados de Comando e Controle Regionais nas cidades-sede.

A integração do centro de Brasília com a das 12 cidades-sede começou nesta sexta-feira (23). A estrutura possui uma sala com um painel formado por 56 monitores integrados com câmeras de vigilância espalhadas pelas cidades, mapas e ferramentas de comunicação das 12 sedes da Copa e dos locais de treinamento, enviadas por 27 centros de comando e controle móveis e 36 plataformas de observação elevada. A comunicação com os outros centros é realizada por meio de sistemas de informática e links especialmente desenvolvidos para a atividade.

Entre os operadores de segurança pública que trabalham no local estão integrantes das policias Civil, Federal, Militar e Rodoviária Federal, além de servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), das Forças Armadas e do Ministério da Defesa e de órgãos de trânsito. Profissionais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), da Força Nacional de Segurança e bombeiros militares também figuram na lista.

Ao todo 100 mil policiais militares, civis, federais, guardas municipais, rodoviários e agentes de trânsito fazem parte do esquema de segurança da Copa. Outros 57 mil homens das Forças Armadas -- 35 mil do Exército, 13 mil da Marinha e nove mil da Aeronáutica -- completam a operação. O investimento total na segurança da Copa é de R$ 1,8 bilhão.

"Acho que o Brasil sai diferente na segurança pública depois da Copa do Mundo, do ponto de vista de colaboração, de integração operacional", declarou o ministro da Justiça. "O Brasil começa a construir uma nova realidade de segurança pública depois da Copa do Mundo. A Copa vai romper com a tradição triste de não diálogo entre as forças policiais", declarou.

Começou a funcionar também nesta sexta-feira o esquema especial de segurança da Copa país afora. Já há reforço na vigilância de fronteiras, no policiamento em áreas-chave nas cidades-sede, aeroportos e pontos turísticos, além dos estádios e seus entornos.

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