Corinthians treina para estreia no Itaquerão entre obras e improviso

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

A dois dias do primeiro jogo oficial de seu novo estádio, o Corinthians levou seus jogadores para treinar no campo do Itaquerão enquanto as obras nas arquibancadas ainda estavam em ritmo acelerado.

Jogadores e comissão técnica tentavam se entender no centro do gramado, envoltos em uma trilha sonora incidental de martelos, britadeiras, soldadeiras e motores de pesados caminhões que levavam para lá e pra cá material para a construção.

No meio do treino, vários pontos nas arquibancadas se iluminaram em explosões de fagulhas: eram os trabalhadores soldando corrimões que os torcedores usarão durante os jogos.

No alto, homens pareciam flutuar, mas na verdade se penduravam em redes ou cordas invisíveis para fixar pedaços da cobertura do estádio.

Outros operários tietavam os astros do elenco e o ex-presidente Andrés Sanchez, que, muito atencioso e político, se mostrava menos incomodado em tirar fotos com os trabalhadores do que em responder as perguntas dos jornalistas.

Os improvisos deram a tônica da tarde e evidenciaram a crueza do estádio que abrirá a Copa do Mundo em menos de um mês.

Não havia, por exemplo, internet ou telefone na sala de imprensa reservada para os jornalistas trabalharem. O sinal de celular também falhava.

Na zona mista (o local por onde os atletas passam para dar entrevistas), esparadrapos pregavam na parede o banner dos patrocinadores do Corinthians, que pagam milhões de reais para ter suas logomarcas exibidas pelo clube.

Do lado de fora, operários plantavam placas de grama ao redor do estádio e faziam uma nuvem de poeira laranja descer do morro e tomar a atmosfera e a calçada. Garis da prefeitura os seguiam em mutirão tentando limpar a sujeira.

Outros funcionários consertavam bueiros, tapavam buracos ou erguiam placas metálicas em imensos guindastes no entorno da arena.

Na estação de metrô que a maioria dos torcedores vai usar para chegar ao estádio, cerca de uma dezena de placas indicavam o caminho para a "Arena Corinthians". Se você seguisse as placas, porém, chegaria a um shopping center que fica exatamente no lado oposto do estádio.

A maioria dos funcionários do metrô não soube explicar à reportagem por que razão as placas mostravam o caminho errado para o Itaquerão. Um deles disse que elas só farão sentido domingo, quando o Corinthians enfrentará o Figueirense pela quinta rodada do Brasileiro.

"Infelizmente nós temos essa coisa cultural no Brasil de deixar as coisas para última hora", afirmou Andrés Sanchez que hoje atua como uma espécie de síndico do Itaquerão. Ele admitiu que as obras nas arquibancadas provisórias, feitas a pedido da Fifa, atrasaram "mais do que deviam".

No entanto, como foi possível observar, os atrasos não se resumem a essas arquibancadas. A própria diretoria do Corinthians já admitiu que há atropelos na operação do Itaquerão e pediu paciência à torcida.

O time faz o último treino antes da estreia na manhã deste sábado. O jogo está marcado para domingo, às 16h.

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