Denilson explica como enrolou Felipão durante a Copa de 2002
Bruno Freitas e Vinicius Mesquita
Do UOL, em São Paulo
Na Copa de 2002, Denílson ficou marcado ao tentar fugir de quatro turcos que queriam roubar-lhe a bola. Chegar àquele momento de consagração, porém, foi um martírio para o atacante, que jogou a competição com uma lesão séria no joelho direito. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o hoje comentarista da Band explica como conseguiu enganar Luiz Felipe Scolari e não ser cortado do grupo que conquistou o penta na Coreia do Sul e no Japão.
"Em treinamentos de finalizações só com a direita, eu cortava para a esquerda e batia com a esquerda. O Felipão dava bronca e eu me fazia de bobo. Passei a Copa do Mundo tomando anti-inflamatório para dormir. Quando eu não usava a perna direita era tranquilo. Quando eu tinha de usar, tinha que engolir o choro, engolir a dor. Foi um grande segredo que guardei só para os meus pais. Só meus pais sabiam", disse Denílson.
A lesão em questão foi no menisco lateral do joelho direito. Denílson sentiu o problema quando ainda estava atuando pelo Bétis, da Espanha, no primeiro semestre daquele ano. O médico da equipe indicou uma cirurgia, mas o atacante não quis perder a chance de disputar a segunda Copa do Mundo da carreira.
"Eu perguntei se poderia jogar. Ele disse que precisaria de muito fortalecimento, anti-inflamatórios, evitar chutar com a perna direita. Só que meus pais sabiam. 'Não posso operar agora, pai. Não posso operar agora, mãe. Deus tá me dando uma oportunidade única'. Eu já tinha jogado a de 1998 e perdido. Depois de todos os problemas que eu tinha passado com empresários, queda de rendimento, lesões...", disse Denílson, emocionado.
Como se sabe, ele não perdeu. O ex-são-paulino entrou durante cinco dos sete jogos do Brasil na campanha do penta e ficou eternizado ao ser perseguido por quatro marcadores da Turquia na semifinal. Depois da Copa, porém, ele teve de ficar de molho.
Menos de 20 dias depois do Brasil vencer a Alemanha por 2 a 0 em Yokohama, no Japão, Denílson entrou na "faca". Na surdina, o atacante passou por uma artroscopia em São Paulo. À época, ele deixou escapar uma declaração sobre o assunto durante uma entrevista a uma rádio. Mais tarde, a assessoria de imprensa do jogador confirmou o procedimento à Folha de S. Paulo, mas disse que se tratava de algo simples, do qual o Betis tinha conhecimento.
José Luiz Runco, médico da seleção brasileira naquela época, admitiu ao jornal que não tinha conhecimento da lesão de Denílson. Luiz Felipe Scolari, técnico à época e atual comandante do time verde-amarelo, foi procurado pelo UOL Esporte para comentar as declarações, mas está viajando para fora do país e não pôde ser encontrado.