Brasília inaugura seu único legado de mobilidade para a Copa no escuro

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

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    Entrada e saída do túnel sob a rotatória do aeroporto em Brasília foi inaugurada sem luz

    Entrada e saída do túnel sob a rotatória do aeroporto em Brasília foi inaugurada sem luz

A obra de reforma na rotatória do aeroporto Juscelino Kubitschek -- a única de mobilidade urbana prevista em Brasília para sair a tempo da Copa -- foi inaugurada na manhã de segunda-feira (5) pelo governador Agnelo Queiroz parcialmente sem luz.

Quem passa pelo local desde a noite retrasada pode constatar que ainda não há iluminação instalada em um raio de pelo menos 50 metros no entorno da rotatória, o que dificulta a vida de motoristas e pedestres por ali.

O breu se estende a partir da entrada do túnel nos dois sentidos da via. Na rotatória em si e dentro do túnel há iluminação adequada funcionando. Apesar disso, nos arredores parte dos postes está deitada no chão mesmo com a intervenção urbana oficialmente entregue à população.

 "É mais uma realização de uma lista de projetos bem-sucedidos, como o estádio Mané Garrincha, viadutos, asfalto, creches... São obras de primeira qualidade entregues antes do prazo", discursou o governador na inauguração. "Disso não abrimos mão. Obras que vão dinamizar a atividade econômica, o desenvolvimento social, a geração de emprego e renda em todo o Distrito Federal", arrematou.

A reforma na DF-047, como é conhecida a via que dá acesso ao aeroporto, custou R$ 53 milhões. Além da reurbanização da rotatória e túnel, o projeto incluiu a reforma das vias no entorno do "balão".

De acordo com o governo do DF, houve uma economia de R$ 44 milhões no valor da obra. Os trabalhos começaram pouco mais de um ano atrás, em abril do ano passado. No local passam cerca de 80 mil carros diariamente, e a expectativa do governo é que o entrocamento de vias possa ser atravessado em menos de 10 minutos quando houver lentidão no local.

Sem calçada

Para dificultar mais a situação de escuridão que acontece no entorno da rotatória de noite, não há uma calçada ou qualquer ponto de travessia próximo para pedestres, como faixa ou passarela. Na região do "balão", como é conhecida a rotatória no Distrito Federal, distante menos de cinco quilômetros do aeroporto, há pouco fluxo de pedestres. Apesar disso, a poucos metros da entrada do túnel no sentido do centro da cidade, há um ponto de ônibus completamente no breu.

Por fim, não há nenhuma sinalização viária ou placa de qualquer espécie, tanto na rotatória quanto no túnel e suas imediações para indicar os caminhos certos aos motoristas.

Inicialmente, o governo do DF, ainda na gestão anterior à de Agnelo Queiroz, pretendia entregar uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para a capital federal, mas depois de suspeitas de irregularidades na licitação da obra ela foi retirada da Matriz de Responsabilidades -- documento firmado por governo federal, governos estaduais e cidades-sede com a lista de todas as obras, custos e prazos previstos para o Mundial da Fifa -- e está paralisada, sem prazo de retomada dos trabalhos ou conclusão.

"A primeira coisa que reparei quando passei aqui na segunda-feira foi que estava escuro demais", diz o taxista Lúcio Rodrigues, de 48 anos, que passa pelo local várias vezes por dia. "Pode ser perigoso e causar um acidente com um motorista menos atento, tomara que iluminem tudo logo".

Para o governo do DF a obra foi inaugurada completa. "A obra foi inaugurada com iluminação tanto no balão quanto no túnel", afirma o DER-DF (Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal), sem responder à pergunta da reportagem do por quê o entorno da rotatória estar no escuro apesar da obra ter sido entregue.

De acordo com o órgão, a CEB (Companhia Energética de Brasília) "está instalando" a iluminação completa no local, mas não há previsão definida para que o serviço termine e a luz seja ligada. A construção beneficia moradores do Park Way, Núcleo Bandeirante e Lago Sul, além dos usuários do aeroporto.

Em agosto do ano passado, o UOL Esporte mostrou que centenas de árvores e plantas nativas do Cerrado e tombadas pelo governo foram desnatadas durante a obra. A vegetação ficava no meio da rotatória. 

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