10 respostas que valem para hoje sobre os problemas do Itaquerão

Do UOL, em São Paulo*

  • Divulgação/Odebrecht

    Itaquerão ainda tem pontos a serem fechados, como a liberação do BNDES ou o acordo de comercialização

    Itaquerão ainda tem pontos a serem fechados, como a liberação do BNDES ou o acordo de comercialização

O Itaquerão ficará pronto em 15 de abril, mas o negócio ainda deixa corintianos com a pulga atrás da orelha. As dúvidas vão desde quanto o estádio custará até a forma como os acordos foram feitos até agora, e responde-las não é tarefa das mais fáceis. Os números envolvidos são alterados, os problemas se multiplicam e alguns acordos parecem nunca sair do papel, complicando a vida de quem quer entender o que está acontecendo.

Para facilitar o leitor, o UOL Esporte listou as dez principais perguntas que cercam o Itaquerão como negócio. Com a ajuda de informações de bastidores, entrevistas com pessoas envolvidas na obra e comparações de dados, a reportagem oferece as respostas de hoje para as dores de cabeça que o estádio causa.

Confira todas a seguir: 

- Quanto vai custar o Itaquerão?
O orçamento inicial previa um custo de R$ 820 milhões. O problema é que juros dos empréstimos feitos para viabilizar a obra (R$ 90 mi), impostos já pagos sem os descontos da Copa (R$ 25 mi), uma adaptação inesperada a regras do meio-ambiente (R$ 39 mi), o custo de conversão do estádio pós-Copa (R$ 20 mi), as estruturas provisórias da Copa (entre R$ 40 e 60 mi) e um contrato de serviços de informática (R$ 30 mi) encareceram o processo. Hoje, o valor total gira em torno de R$ 1,064 bilhão.

- Quanto o Corinthians vai pagar no Itaquerão?
Em tese, os CID's (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento) da Prefeitura renderão R$ 420 milhões ao clube quando forem vendidos no mercado. Os papeis permitem que contribuintes de uma determinada área da cidade - no caso a zona leste - possam pagar impostos com uma espécie de desconto. O deságio fica na conta do poder público que, com isso, incentiva o desenvolvimento da região. Sabe-se, porém, que eles devem sofrer uma desvalorização de cerca de R$ 50 milhões em relação ao montante que estava previsto. Todo o restante do valor, portanto cerca de R$ 694 milhões, caberia ao Corinthians.

- Como o Corinthians vai pagar a parte que lhe cabe dessa dívida?
O Corinthians pretende pagar essa dívida com receitas do próprio estádio. Anualmente, o clube tem a obrigação de pagar de R$ 40 a 50 milhões ao fundo, segundo Andrés Sanchez. Conforme o montante vai sendo pago, o Corinthians recupera ações dentro da composição societária do fundo que detém o estádio atualmente. Obrigatoriamente, 50% de todo valor do faturamento que exceder o pagamento anual da dívida tem de ser usado para pagar a dívida, o que aceleraria a quitação.

- Quanto o Corinthians espera receber pelo estádio anualmente?
A projeção vai de R$ 150 a R$ 250 milhões. Só com o naming right principal do estádio, espera-se uma receita de R$ 30 milhões por temporada.

- A expectativa de receitas do Corinthians é real?
É difícil dizer, mas ela é bastante ousada. O faturamento anual do clube em 2012, sua temporada com mais conquistas, foi de R$ 358 milhões. Isso significa dizer que o estádio pode, em um ano, atingir 50% do que o clube faturou como um todo em seu melhor ano. E as contas de uma arena esportiva nem sempre são positivas.

A Allianz Arena, por exemplo, deu lucro pela primeira vez desde que foi construída na temporada passada: 8,2 milhões de euros (R$ 26 mi), segundo dados do balanço do estádio obtidos pela Máquina do Esporte. Além disso, o tamanho do mercado brasileiro deve ser considerado. Por 20 anos de contrato, por exemplo, o Palmeiras receberá R$ 300 milhões da seguradora Allianz, ou R$ 15 mi por temporada – metade do que espera o Corinthians.

- O contrato de naming rights do estádio está perto de sair?
Não. O Corinthians "namorou" um fundo de investimentos dos Emirados Árabes no fim do ano passado e as conversas seguem até agora, mas a intensidade do papo diminuiu. Até hoje, nenhuma proposta concreta chegou às mãos de Mário Gobbi, presidente do clube que, embora não esteja negociando, terá de assinar o eventual contrato.

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

- Por que o financiamento do BNDES demorou tanto para sair e como ele está atualmente?
Demorou para sair porque o banco de desenvolvimento, inicialmente, não aceitou as garantias do Corinthians. Quando o clube usou o Parque São Jorge e colocou a Caixa no negócio, as partes anunciaram o acordo, só que o dinheiro não foi liberado.

O Corinthians, então, correu para conseguir suas certidões negativas de débito e repassou a cessão dos direitos de uso do terreno do estádio ao fundo que domina a obra. Até agora, porém, o dinheiro segue esbarrando em obstáculos burocráticos e não foi liberado.

- O que significa a cessão dos direitos de uso do terreno do estádio?
O Corinthians recebeu os direitos de uso da Prefeitura, real dona do terreno, e o repassou ao Fundo Arena, formado pelo clube e pela construtora Odebrecht. O Fundo, por sua vez, o repassará à Caixa como garantia para a liberação da verba do BNDES.

Se não pagar o banco no prazo estipulado, o Corinthians pode perder os direitos sobre o terreno. Até lá, porém, nada muda. Pelo contrato que cria o Fundo Arena, segue sendo o clube o gestor do Itaquerão, desde que as contas sejam pagas em dia.

- O que falta para o Corinthians começar a vender propriedades e camarotes do estádio?
O contrato de comercialização, que estabelece regras de uso e negociação das propriedades. A expectativa é que esse documento saia nas próximas semanas.

- Qual é o risco do Corinthians perder a gestão do estádio?
A gestão do Itaquerão tem três anos para apresentar resultados e pagar a dívida anual. Se não o fizer, por contrato, os profissionais envolvidos na administração do estádio têm de ser substituídos. Se depois de mais três anos o estádio seguir sem dar resultados, aí sim o clube corre o risco de perder o comando da gestão do local para a Caixa.  

*Reportagem de Gustavo Franceschini, Pedro Lopes, Ricardo Perrone e Rodrigo Mattos

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