Estádio só recebeu 10 jogos de futebol após Copa. Isso pode se repetir aqui

Paulo Passos

Do UOL, em Port Elizabeth (África do Sul)

Jogos de futebol são raros no palco da queda da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2010. O Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, que viu o Brasil de Dunga perder por 2 a 1 para a Holanda, nas quartas de final da Copa, hoje depende do rúgbi e de eventos alternativos para tentar se sustentar, o que não tem conseguido. Desde o Mundial, a arena, que foi construída para o torneio, recebeu apenas 10 jogos de futebol, menos de três por ano.

Uma realidade que pode se repetir em arenas brasileiras que ficam em cidades com pouca tradição de futebol local, como Cuiabá, Manaus e até Brasília. 

No caso de Port Elizabeth, o caso é até mais grave, pois que a cidade não conta com um time de futebol profissional. A escolha como sede da Copa foi uma decisão política, já que ela é a capital do estado onde nasceu Nelson Mandela, líder da transição do Apartheid, regime de segregação racial, para a democracia e ex-presidente da África do Sul. Danny Jordaan, CEO do Mundial de 2010, também é natural de PE, como os sul-africanos chamam a cidade.

"A região não tem um clube na Premier Soccer League (primeira divisão do campeonato da África do Sul) e tampouco há futebol de grande nível aqui em Eastern Cape (estado onde fica Port Elizabeth). Estamos tentando trazer algum time para jogar aqui e esperamos ter mais jogos de futebol no futuro", afirmou ao UOL Esporte Chantal Du Pisani, gerente-geral do estádio.

O Nelson Mandela Bay custou cerca de R$ 500 milhões e foi bancado pela prefeitura da cidade e pelo Governo da África do Sul. Na Copa, foi palco de oito jogos. Depois de sediar a partida que decretou a queda da seleção, recebeu a decisão de terceiro e quarto colocados, entre Uruguai e Alemanha, vencida pelos europeus por 3 a 2.

Construído à beira de um lago, a arena foi projetada com um design inspirado na vela de um barco. Com capacidade para 46 mil pessoas, segue bem conservada. Dona do estádio, a prefeitura local repassou a administração para uma empresa privada, a Access Management.
"Sediamos 114 eventos desde a Copa do Mundo e tivemos mais de 1,5 milhões de visitantes", informa a empresa, que não divulga o custo mensal para a manutenção do estádio.

Segundo a imprensa local, os gastos por mês chegam a R$ 500 mil, totalizando R$ 6 milhões por ano, em valores convertidos de rands, moeda local, para reais. A prefeitura não consegue cobrir nem metade dessa despesa com os eventos realizados no local.   

Saco de pancadas

Como tentativa de solução para não deixar o estádio ocioso, a prefeitura local financiou a criação de um clube de rúgbi. Fundado em 2009, o Southern Kings disputa a Currie Cup (primeira divisão do campeonato sul-africano de rúgbi) e o Super Rugby (torneio com equipes da África do Sul, Austrália e Nova Zelândia).

Criado como salvação para o estádio, o time tem fracassado dentro de campo e, como conseqüência, também em presença de torcedores nas arquibancadas. No Super Rugby de 2013, Southern Kings perdeu 12 das 16 partidas disputadas, terminou em último lugar e não disputará o torneio neste ano.
 

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