Copa começa em 120 dias, mas 60% dos quartos de hotel ainda estão vazios

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

A quatro meses do início da Copa do Mundo, mais da metade dos quartos de 25 grandes redes hoteleiras do Brasil ainda estão vagos. Até o momento, foram comercializadas 40% das unidades colocadas à disposição dos turistas em dias de jogos e nas vésperas, o que representa 185 mil diárias.

A baixa procura já começa a preocupar o setor hoteleiro. Entre os motivos para o baixo número de reservas estão a crise econômica, que atingiu principalmente a Europa, a imagem internacional do Brasil, prejudicada pelos protestos, a demora para seleções que tradicionalmente levam muitos turistas ao torneio se classificarem, como ocorreu com o México, e a falta de investimentos do governo na divulgação de roteiros turísticos do Brasil que não estão ligados ao futebol, segundo empresários do setor.

Para os donos de hotel, os preços das diárias não são o maior problema. Na Copa da Alemanha, segundo eles, alguns hotéis chegaram a cobrar, em dias de jogos importantes, taxas até 125% maiores do que o valor normal.

O balanço foi apresentado pelo Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) na manhã desta quinta-feira, 13, em São Paulo. O fórum representa as maiores redes hoteleiras do País.

Dos quartos que ainda não foram reservados por turistas, 40% estão vazios e 20% estão bloqueados para clientes que não confirmaram a compra, entre eles a Match, empresa contratada pela Fifa para vender os chamados pacotes de hospitalidade.

Em 31 de janeiro, a Match devolveu parte das reservas que tinha feito, acompanhando a tendência de baixa nos pedidos de seus clientes. A empresa deve analisar se devolve ou confirma suas reservas novamente em 20 de abril.

Apesar da baixa taxa de ocupação, o setor hoteleiro não está pessimista. "O maior benefício que a Copa pode trazer é a exposição internacional. O Brasil nunca esteve tanto na mídia. O investimento que a hotelaria fez não é só para 30 dias. É para o futuro", diz o empresário Roberto Roher, presidente do Fohb.

Segundo ele, o setor investiu R$ 12 bilhões nos últimos anos na construção de novos hotéis, melhoria da infraestrutura existente e capacitação de funcionários. Entre 2009 e 2016, o número de quartos deve crescer 21%, segundo o Fohb.

"É claro que estamos preocupados [com a baixa comercialização de unidades para a Copa]", afirma Flávia Matos, diretora da Fohb. "A questão é que a oferta é muito grande para a Copa. Temos muitas unidades. E nesse período, outras atividades, como o turismo de negócios, devem cair."

São Paulo, por exemplo, comercializou 43,1 mil quartos para a Copa. Em números absolutos é a cidade com mais reservas de hotel efetuadas. Como também tem uma oferta maior de quartos, a capital paulista tem uma das maiores porcentagens de unidades ainda disponíveis ou bloqueadas: 78%.

O presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira), Enrico Fermi, acredita que, passada a Copa, o interesse do Brasil como destino turístico deve aumentar. "Empresário nenhum vai meter a mão no bolso para fazer um evento que acaba em um mês. O retorno vem ao longo de 20, 30 anos."

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