Operário tem traumatismo craniano após acidente na Arena da Amazônia

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

Um operário sofreu um acidente na Arena da Amazônia, em Manaus, por volta das 8h (10h no horário de Brasília) desta sexta-feira, 7. De acordo com a UGP Copa (Unidade Gestora do Projeto Copa), o técnico de guindaste Antônio José Pita Martins, de 55 anos, trabalhava na desmontagem de um guindaste no terreno do Sambódromo, que fica ao lado do novo estádio.

Martins está internado no Hospital João Lúcio, em Manaus, especializado em traumatologia. De acordo com boletim médico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas, o operário teve traumatismo cranioencefálico grave e múltiplas lesões no tórax. Após os primeiros exames, médicos constataram que ele teve um hematoma subdural, um acúmulo de sangue provocado pelo rompimento de vasos sanguíneos entre o crânio e o cérebro. 

Por volta das 11h (13h no horário de Brasília), o paciente passaria por uma cirurgia.

Segundo o relato de testemunhas, Martins foi atingido na cabeça por uma peça de ferro que caiu da estrutura que estava sendo desmontada. O trabalhador é cidadão português e prestava serviço para a Martifer. A empresa foi contratada pela construtora Andrade Gutierrez para fazer as estruturas metálicas da fachada e da cobertura.

O guindaste de grande porte que estava sendo desmontado por Martins fora utilizado na construção da cobertura da arena ao longo dos últimos meses. Segundo a construtora Andrade Gutierrez, o equipamento estava sem uso desde 11 de janeiro e, por isso, foi colocado em uma área externa, no sambódromo.

"O operador foi socorrido pela equipe de segurança do trabalho e levado pelo SAMU até o hospital 28 de Agosto, onde teve seu quadro de saúde estabilizado e foi transferido para o hospital João Lúcio. O acidente não interferiu no seguimento das obras da Arena da Amazônia", informou a construtora, em nota. 

Embora as obras não tenham sido paralisadas, o incidente provocou o cancelamento de uma visita do governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), que era esperado no canteiro de obras por volta das 9h30 (11h30 no horário de Brasília). Até a publicação desta reportagem, a visita não havia sido remarcada.

Outros acidentes

Desde o início da construção da Arena da Amazônia três operários morreram. O primeiro óbito aconteceu em 28 de março de 2013, quando o corpo do pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, de 49 anos, foi encontrado por trabalhadores do turno noturno da obra. Segundo testemunhas, Costa caiu enquanto caminhava sobre uma viga a 4 metros de altura.

Em 14 de dezembro, Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, que trabalhava na instalação dos refletores do estádio no turno da madrugada também sofreu uma queda e morreu. Horas depois, o operário José Antônio da Silva Nascimento, de 49 anos, que trabalhava no serviço de limpeza e terraplanagem, teve um infarto enquanto trabalhava.

Na época, o presidente do Sintracomec-AM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Amazonas), Cícero Custódio, disse que trabalhadores estavam fazendo jornadas de até 18 horas diárias e, em alguns casos, sem o uso de equipamentos de segurança como cintos, por exemplo.

A obra chegou a ser paralisada por alguns dias, enquanto o Ministério Público do Trabalho fazia vistorias. Em entrevista recente à BBC Brasil, o secretário da Copa em Manaus, Miguel Capobiango, disse que muitos funcionários não utilizam o equipamento de segurança por preguiça.

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