Turista da Copa deve gastar o dobro e deixar o triplo de dinheiro no país

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A Copa do Mundo de 2014 deve atrair até 600 mil turistas estrangeiros ao Brasil. Esses turistas devem gastar até duas vezes mais dinheiro do que um visitante normal por cada dia que passarem no país, e deixarão por aqui até o triplo de recursos que um estrangeiro comum costuma deixar toda vez que viaja ao Brasil.

Essas, pelo menos, são as estimativas de dois pesquisadores que analisaram o comportamento dos turistas que vieram ao Brasil para a Copa das Confederações deste ano. João Evangelista Monteiro, chefe do Departamento de Turismo da UFF (Universidade Federal Fluminense), Wilson Rabahy, professor da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), coordenaram estudos feitos durante o evento-teste do Mundial a pedido do Ministério do Turismo.

Ambos ajudaram a traçar o perfil dos turistas que viajam de um país para o outro para assistir a um grande evento esportivo, como a Copa do Mundo. Descobriram que esses visitantes têm uma característica particular: eles gastam muito.

"A Copa do Mundo atrai um turista de alto poder aquisitivo, que hospeda-se em grandes hotéis, come em bons restaurantes e consome muito", explicou Evangelista, que também é coordenador do Observatório do Turismo da UFF. "Levando em conta o que já vimos na Copa das Confederações, podemos dizer que turista-Copa gastará, por dia de viagem, até o dobro de um turista normal."

Segundo o pesquisador, um estrangeiro que vem ao Brasil, a negócios ou lazer, gasta na média R$ 170 por dia por aqui. Na Copa das Confederações, estrangeiros que vieram o Brasil gastaram cerca de R$ 230 por dia. Já quem virá para a Copa do Mundo pode gastar acima de R$ 300 a cada 24 horas que passar em cidades brasileiras.

Além de gastar mais, os turistas que virão para a Copa devem ficar mais dias no Brasil que o de costume, complementou Evangelista. Assim, tendem a deixar no país três vezes mais dinheiro do que um turista comum geralmente deixa por aqui. "O turista média gasta cerca de US$ 2 mil em uma viagem. Já o turista da Copa deve gastar até US$ 6 mil", afirmou.

O perfil "mão-aberta" do turista da Copa foi ratificado por Rabahy. O professor da USP diz que o visitante gasta mais não só por seu perfil, mas também porque viaja mais dentro do país. "O turista da Copa vai para várias cidades para assistir às partidas. Isso inclui uma parcela grande no conjunto de gastos feitos aqui", explicou ele, lembrando que a passagem para chegar ao Brasil e os ingressos da Copa não entram na conta porque não geram renda dentro do país.

Benefícios superestimados

Por tudo isso, tanto Rabahy quanto Evangelista dizem que a Copa do Mundo será benéfica ao setor turístico e à economia brasileira. Rabahy, entretanto, faz uma ressalva: "não sei se será tão benéfica quanto estimam. É preciso ver o resultado."

Para ele, brigas em estádios de futebol do Brasil e protestos podem afetar o interesse de estrangeiros pela Copa do Mundo no Brasil. Atrasos em entregas de obras e até falta de um plano de divulgação também podem reduzir impactos positivos do torneio na economia. "Para mim, todos os aeroportos tinham que ter um espaço de divulgação da Copa, mas não temos isso", disse ele.

Dois trabalhos, um feito na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e outro na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), já analisaram as previsões de benefícios da Copa citadas por membros do governo federal. Para os pesquisadores, elas foram superestimadas. Segundo os estudiosos, estimativas foram calculadas com "metodologias limitadas". Por isso, podem estar equivocadas.

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