Ganho do turismo não paga estrutura temporária da Copa das Confederações
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Alexandre Macieira/Riotur
Copa das Confederações vai atrai faturamento de R$ 241 milhões para hotéis, bares e restaurantes
O ganho que o turismo brasileiro terá com a realização da Copa das Confederações não pagará nem as estruturas temporárias que governos foram obrigados a instalar nas cidades-sede do torneio. De acordo com estimativas da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), o faturamento de hotéis, restaurantes e bares com a chegada de turistas trazidos pelo torneio da Fifa será menor do que a soma do investido pelo Poder Público nas tendas colocadas ao redor dos estádios, na estrutura para a transmissão dos jogos pela TV e na organização do sorteio dos grupos da Copa das Confederações.
Segundo a Embratur, a Copa das Confederações vai gerar receitas R$ 241 milhões ao setor turístico brasileiro durante 15 dias. Isso é cerca de R$ 11 milhões a menos do que o custo dos serviços contratados por cidades, estados e governo federal exclusivamente para a organização da competição.
Um levantamento do UOL Esporte já revelou que o custo direto da Copa das Confederações é de R$ 252 milhões. Nessa conta, estão contabilizados R$ 213,1 milhões investidos pelos estados com as estruturas temporárias (tendas e barracas) instaladas no entorno de cada um dos seis estádios da competição; R$ 32,7 milhões gastos pelo governo federal com os equipamentos para a transmissão dos jogos pela TV e em estrutura de internet; e R$ 6,4 milhões pagos pela Prefeitura de São Paulo para organizar o sorteio que definiu os grupos do torneio disputado por oito seleções.
Não estão incluídos no cálculo o custo com as obras dos estádios e de infraestrutura necessárias para a competição. Apesar de isso ser muito mais caro do que os gastos citados acima, em teoria, esse investimento ficará de legado para a população e servirá também à Copa do Mundo de 2014.
Também não entra na conta o custo da mobilização de funcionários do governo designados para integrar esquemas de trabalhos especiais montados para a Copa das Confederações. Juntando a segurança, defesa e operação de aeroportos, quase 80 mil servidores trabalham na organização do torneio.
Apesar de toda essa mobilização pública, a competição terá um retorno pequeno para o Brasil. O impacto no turismo nacional é praticamente insignificante visto que, dos cerca de 700 mil ingressos já vendidos pela Fifa, menos de 20 mil foram comprados por turistas estrangeiros e menos de 140 mil foram adquiridos por pessoas que moram fora das cidades-sede.
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O SECRETÁRIO-GERAL DA FIFA
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No estágio inicial dos preparativos, a maior preocupação da Fifa em relação à Copa-2014 era o andamento das obras dos estádios, que ainda são um ponto de atenção. Depois, a dor de cabeça foi a aprovação da Lei Geral da Copa. Mais tarde, a relação entre o governo brasileiro, a Fifa e o COL (Comitê Organizador Local) tornou-se o empecilho para a organização. Agora, a principal questão é o sistema de venda de ingressos do Mundial, como fica claro em entrevista do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ao UOL Esporte.
Sem muitas pessoas de fora interessadas em assistir aos jogos, o movimento nos hotéis das capitais da Copa das Confederações está abaixo do esperado. De acordo com o secretário municipal de turismo no Rio de Janeiro, Antonio Pedro Figueira de Mello, a taxa atual de ocupação dos hotéis é menor que a média para o ano na capital fluminense, por exemplo.
"A ocupação nos hotéis está abaixo do esperado. Estamos com 60% de ocupação, acreditamos que chegará a 70%. Ainda é um número aquém", disse ele, lembrando que o Rio espera ter 80% de taxa média de ocupação em 2013.
A baixa procura pela Copa das Confederações pelos turistas foi confirmada na segunda-feira pelo secretário-executivo do Ministério do Esporte, Valdir Simão. Em entrevista coletiva, ele afirmou que o governo sabia que o torneio não atrairia muitos visitantes às cidades-sede. Entretanto, disse que a realização da Copa das Confederações compensa por ser um teste para a Copa do Mundo.
"Houve uma procura inferior, mas isso é um prejuízo", afirmou. "A preparação de aprendizagem para 2014, quando o movimento de turistas será maior."
*Com colaboração de Rodrigo Mattos, do UOL no Rio de Janeiro
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