Andrés tem rejeição de 44% dos presidentes de federações em eleição da CBF

Paulo Passos e Vanderlei Lima*

Do UOL, em São Paulo

Andrés Sanchez
Andrés Sanchez

Ex-presidente do Corinthians e ex-diretor da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Andrés Sanchez terá que fazer muita campanha para dobrar a resistência ao seu nome numa possível candidatura à presidência da entidade máxima do futebol brasileiro. O UOL Esporte entrevistou 24 dos 27 presidentes de federações estaduais, que são maioria no colégio eleitoral da CBF, e constatou que 12 cartolas - ou 44% do total das federações - afirmam que não votariam no corintiano para a sucessão de José Maria Marin, cuja gestão deve lançar a candidatura do aliado e atual vice-presidente Marco Polo del Nero. 

Marcada para o primeiro semestre de 2014,  a eleição para presidente da CBF ainda não tem candidatos oficiais. Nos bastidores, porém, é dada como certa a candidatura de Del Nero, que também é presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), pela situação, enquanto Andrés, junto de Francisco Novelletto e Rubens Lopes Filho, presidentes das federações do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, respectivamente, aparecem como postulantes ao cargo numa chapa da oposição.

Do trio, Andrés é o que enfrenta a maior rejeição entre os dirigentes de federações estaduais. Del Nero, Ruben Lopes Filho e Antônio Carlos Nunes de Lima, do Pará, foram procurados, mas não responderam a enquete. Quem falou se mostrou contrário a Andrés.

Dos 12 cartolas ouvidos, 10 já abrem seu apoio para Marco Polo Del Nero. Novelletto teria hoje um voto dos dirigentes de federação. Já Rubens Lopes Filho não foi lembrado por nenhum cartola. Treze se dizem indecisos.

O colégio eleitoral da CBF é formado pelas 27 federações estaduais e pelos 20 clubes que disputam a Série A no ano do pleito. Procurados, a maioria dos dirigentes dos clubes com direito a voto preferiu não se posicionar. Exceção, Mario Gobbi, do Corinthians, informou que se Andrés for candidato, terá o seu voto. Alexi Portela, do Vitória, é outro que diz já ter escolhido: apoiará Del Nero.

"É normal haver uma rejeição ao Andrés por parte dos presidentes de federações. Ele não é do grupo, defende os interesses dos clubes", avalia Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebol, que já declarou que votará em Del Nero.

"O projeto do Andrés se resume a questão de chegar ao poder. Ele fala em eleição direta, que jogador, técnico tem que votar. Isso não nos agrada", afirmou Antônio Américo Lobato Gonçalves, presidente da Federação Maranhense de Futebol.

Em setembro, Sanchez admitiu que faz parte de um grupo de oposição que tentará lançar candidato na eleição da CBF. O corintiano deixou a entidade em novembro de 2012, após a demissão de Mano Menezes e a contratação de Luiz Felipe Scolari. Ele ocupava o cargo de diretor de seleções.  

"É normal haver uma rejeição ao Andrés por parte dos presidentes de federações. Ele não é do grupo, defende os interesses dos clubes"

Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebo

"Eu faço parte de um grupo que tem federações e clubes que querem lançar um candidato contra o Marco Polo. Porque o Marco Polo, eu entendo assim também, é um mal para o futebol. Agora, quem vai ser o candidato, é esse grupo de clubes e federações que vai escolher o cara", disse Andrés.

Para conseguir lançar uma chapa na eleição da CBF é preciso ter assinatura de presidentes de oito federações e de cinco clubes da série A. Hoje, o grupo de oposição ainda não tem os apoios necessários nas federações. Cartolas do Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são os únicos que falam abertamente em uma candidatura anti-Del Nero.

Voto secreto

Segundo o estatuto da CBF, a eleição precisa acontecer no ano anterior ao fim do mandato do presidente atual, que deixa o cargo em 2015, sem data definida. Antes de renunciar à presidência da entidade, Ricardo Teixeira alterou as regras e fixou o pleito no primeiro semestre, antes da Copa do Mundo. "A eleição está marcada para abril e será em abril. Eu tenho uma Copa do Mundo para entregar é isso que vou fazer", afirmou José Maria Marin.

De acordo com o artigo 22 do estatuto da CBF, todos os votos são secretos.

* Colaborou Lucas Tieppo, do UOL, em São Paulo

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