Nove meses após assinar documento, Andrés vai a Abu Dhabi pelo Itaquerão
Pedro Lopes
Do UOL, em São Paulo
No dia 13 de fevereiro deste ano, o Corinthians assinou com um fundo de investimentos de Abu Dhabi uma carta de intenções na qual as partes declaravam o desejo de fechar um acordo pelos naming rights do Itaquerão. O documento, chamado em inglês de memorandum of understanding, não confere exclusividade aos árabes, mas deixa claro o interesse de ambos. O fundo chama-se Parador Capital, é privado, tem sede em Abu Dhabi, mas faz investimentos no Brasil e possui escritórios em São Paulo e Florianópolis. É representado no Brasil pelo seu diretor Amine Bouchentouf.
Pelo Corinthians, assinaram o ex-presidente Andrés Sanchez, responsável pela arena, e o presidente Mario Gobbi. O fundo de Abu Dhabi foi representado por seu advogado no Brasil Edgard Ortiz, que também é conselheiro do clube e foi um dos responsáveis pela aproximação com o potencial comprador.
Na próxima segunda-feira, mais de nove meses depois da assinatura do documento, uma delegação do Timão viaja a Abu Dhabi para tentar avançar nas negociações. Estarão presentes Andrés Sanchez e o advogado do Corinthians, Luiz Felipe Santoro. Ortiz também acompanhará, como um dos representantes do fundo.
A viagem prevê duas reuniões – uma na terça-feira, outra na quarta-feira – nas quais é esperada a presença de representantes das principais candidatas a dar nome ao estádio: as companhias aéreas Etihad, de Abu Dhabi, e Emirates, de Dubai. A primeira tem interesse no mercado de vôos de carga, enquanto a segunda tem maior foco no mercado de vôos comerciais. Ambas já operam comercialmente no Brasil, investem no futebol e tem acordos milionários com os clubes ingleses Manchester City e Arsenal, respectivamente.
A demora entre a assinatura do documento e a retomada das negociações tem explicação: os árabes ficaram bastante assustados com as manifestações contrárias aos gastos com arenas durante a Copa das Confederações e por pouco não engavetaram a ideia. Além disso, o próprio fundo intermediador teve sua confiança abalada por alguns investimentos malsucedidos no Brasil, ligados às empresas de Eike Batista.
O preço pedido pelo Corinthians é de R$ 400 milhões por 20 anos - R$ 20 milhões/ano - mas a empresa que adquirir os direitos terá que desembolsar R$ 450 milhões. O clube receberia a parte correspondente a pedida, enquanto os R$ 50 milhões restantes caberiam ao fundo de Abu Dhabi. Não há nenhum outro intermediário, e ninguém mais receberia comissão pelo contrato.
Os árabes recebem desde o começo do ano relatórios frequentes e detalhados sobre o andamento das obras, mas o negócio ainda não está perto de ser fechado. Não existe entre as partes nenhuma certeza de retornar da viagem com um acordo selado, e as negociações ainda devem se estender por alguns meses.
Um avanço nas negociações traria alívio para a diretoria corintiana, que está preocupada com a demora na liberação do financiamento do BNDES, com o crescimento dos juros dos empréstimos tomados pela Odebrecht para financiar as obras e com o custo final do estádio. O Itaquerão, atualmente, registra 94% da construção concluídos.