Para Bom Senso, seleção está ciente de protestos e adesão é caminho natural

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Miami (EUA)

A manifestação da última quarta, que parou a rodada do Campeonato Brasileiro, ainda não chegou no alto escalão da seleção brasileira, mas isso deve acontecer em breve, na visão dos líderes do Bom Senso FC. Para eles, os comandados de Luiz Felipe Scolari que atuam no exterior estão cientes do que está acontecendo, e a adesão ao movimento é o caminho natural daqui em diante.

Os jogadores que atuam no Brasil entendem que os colegas que estão fora do país não tem mesmo um contato diário com as mazelas do futebol nacional. Dessa forma, só poderiam participar da ação com uma manifestação pública de apoio, sem o engajamento diário que o projeto tem exigido de alguns de seus líderes.

Por isso, o contato com os jogadores da seleção brasileira têm sido superficial. Os atletas sabem, em linhas gerais, das intenções do movimento. Os convocados de Felipão que atuam no Brasil, assim como praticamente todos os participantes das Séries A e B do Brasileiro, são signatários do Bom Senso, e conversam sobre o assunto com os colegas. Na última quarta, Edu Dracena deu uma pista de qual deve ser o caminho para o movimento. 

"O Paulo André estava tentando falar com os líderes da seleção, não sei se ele conseguiu. Acho que a gente ainda tem de sentar e conversar mais com esses jogadores, para expor o que estamos pensando. Tomara que eles possam cruzar os bracos nesse jogo, porque uma seleção brasileira tem muito mais visibilidade que os clubes", disse o zagueiro e capitão santista, em entrevista à rádio ESPN

A seleção nega ter recebido o recado. Por meio de sua assessoria de imprensa, Thiago Silva disse que ainda não foi procurado. David Luiz, outro líder do grupo comandado por Felipão, foi na mesma linha. "Até agora ninguém nos procurou. Estamos abertos a conversas. Tudo que for para melhorar o futebol brasileiro é válido. Precisamos entender direito o movimento, eu estou meio por fora", disse David Luiz. 

Nos bastidores, alguns jogadores que estão no exterior já parabenizaram os colegas que estão no Brasil pela iniciativa, mas evitam fazê-lo em público. Na última quinta, por exemplo, Neymar também se esquivou ao ser questionado sobre o assunto.

"Tudo que for conversado para melhorar o futebol brasileiro eu acho que é valido. Conversando e melhorando, acho que eu apoio", disse o jogador, que negou ter sido procurado para tratar do assunto.

Não é o caso da maior estrela da seleção, mas outros selecionáveis tomam cuidado especial ao tratarem do assunto. Para quem está no Brasil, a união demonstrada pelos atletas serve como uma forma de escudo para eventuais represálias. Aqueles que atuam fora do país, porém, fariam uma declaração pública de forma individual, e temem se indispor a menos de uma ano da Copa do Mundo por conta disso.

Apesar disso, o Bom Senso crê que eles devem ser incluídos de forma "natural", à medida que o movimento vá crescendo a atingindo os objetivos. Com o aumento do tom, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) se tornou o principal alvo das reivindicações.

A entidade, que já se reuniu com os jogadores em duas oportunidades, é acusada de ter tratado as pautas com certo descaso, de forma política. Até agora, o Bom Senso levantou cinco grandes bandeiras: férias, pré-temporada de qualidade, reforma no calendário, fair-play financeiro e representatividade dos atletas em conselhos técnicos.

Para 2014, o grupo admite que grandes mudanças são difíceis por conta do compromisso assumido com a Copa do Mundo. Há a sensação, no entanto, de que não há uma mudança real a caminho, o que incomoda os jogadores, que já falam em paralisar o campeonato caso o impasse continue. 

A CBF, por enquanto, pouco se movimenta. Na última quinta, a entidade se limitou a emitir uma nota oficial sucinta, sem sequer citar o Bom Senso ou as manifestações da última quarta. 

"A CBF tem se reunido com as instituições envolvidas - federações, clubes, associações e televisão - em busca da razoabilidade, para o bem do futebol brasileiro", disse a entidade. 

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos