Manifestantes tentam chegar ao Mané Garrincha e entram em confronto com PM

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília*

Cerca de 500 manifestantes que participam dos protestos deste feriado de 7 de setembro em Brasília tentaram chegar ao estádio Mané Garrincha no início da tarde deste sábado e foram impedidos pela PM, que dispersou a multidão com bombas de gás e efeito moral. O confronto aconteceu a 500 metros da arena, e alguns torcedores passavam pelo local para chegar ao estádio acabaram sendo atingidos pela confusão.

O grupo de manifestantes subia andando pelo Eixo Monumental quando, em frente à Torre de TV, a PM começou a atacar bombas e não deixou o protesto seguir em direção ao Mané Garrincha. Alguns manifestantes e pelo menos um jornalista, fotógrafo da Reuters, ficaram feridos. Em pequenos grupos, as pessoas desceram correndo de forma desordenada a avenida e se reagruparam nos arredores da rodoviária.

A PM havia estabelecido um cordão de isolamento a um quilômetro do estádio, mas os manifestantes conseguiram contornar os policiais e só foram contidos com a chegada de mais homens da tropa de choque, inclusive com cães, e da cavalaria, já próximos ao estádio. Após isso, ao longo da tarde, manifestantes e PMs ainda se enfrentaram pelo menos outras três vezes: em frente ao Conjunto Nacional, shopping anexo à rodoviária, que sofreu tentativa de invasão, em frente ao Museu da República e na Esplanada dos Ministérios. Além das bombas de gás e efeito moral, a PM do DF voltou a utilizar balas de borracha contra manifestantes. Um novo equipamento, um caminhão que dispara jatos de água contra os manifestantes, foi utilizado pela primeira pela PM.

O bancário Maurício Roberto da Silva, de 42 anos, passava pela Torre de TV com o filho de 12 anos em direção ao Mané Garrincha, quando foi surpreendido pelas bombas. "Ficamos no fogo cruzado literalmente", diz ele. "Quando vimos, a PM estava de um lado soltando bombas e os manifestantes do outro. A nossa sorte é que estamos com a camisa da seleção, aí corremos em direção à barreira da polícia e deixaram a gente passar".

Mais cedo, logo após o desfile do 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios com a presença da presidente Dilma Rousseff, os manifestantes tentaram invadir o Congresso Nacional e depois a sede da Rede Globo em Brasília. De acordo com a PM, ao menos 39 manifestantes foram detidos e cerca de mil pessoas participaram da manifestação durante a tarde. Nas redes sociais, a expectativa era de que pelo menos 50 mil pessoas participassem do protesto hoje em Brasília. Até o final da tarde deste sábado, ainda não havia um número oficial de feridos. Restaurantes, lojas e concessionárias de carros também foram apedrejadas por parte dos manifestantes, os "black blocks", no caminho do protesto.

Para evitar manifestantes próximo ao estádio Mané Garrincha, a PM destacou 1.800 policiais para a segurança nos entornos da arena. Outros 4 mil homens estavam espalhados pela Eixo Monumental. Na abertura da Copa das Confederações, em 15 de junho deste ano com a vitória do Brasil sobre o Japão por três a zero, PMs tentaram impedir uma manifestação de se aproximar do estádio, mas não conseguiram.

O protesto, com algumas centenas de manifestantes, conseguiu furar o bloqueio e foi até a grade que cerca o Mané Garrincha. Ali, em meio aos torcedores que chegavam para acompanhar a partida, houve confronto entre manifestantes e policiais. Alguns torcedores, que não tinham nada a ver com a briga, acabaram ficando feridos por balas de borracha da polícia ou intoxicados por gás usado para tentar dispersar a multidão.

Protesto solitário

Apesar da confusão, a chegada ao Mané Garrincha era sem sobressaltos para a maioria dos torcedores neste sábado. Próximo ao estádio, o clima era de tranquilidade.

As estudantes Paula Matos, 30 anos, Jhennifer Olegáro, 18 anos, e Sthefane Oliveira, 24 anos, foram as únicas manifestantes que conseguiram furar o bloqueio da PM e chegar ao Mané Garrincha. Com cartazes e a Constituição Federal nas mãos, as três realizaram um protesto solitário nos portões em frente à arena. 

"Na hora de subir da Esplanada dos Ministérios para cá, decidimos pegar o carro e vir pelo outro lado", diz Sthefane explicando como conseguiram furar o cordão de isolamento da PM e protestar na porta do estádio. "Viram que eram só três meninas e deixaram a gente ficar aqui, só fizeram a gente tirar as máscaras que estávamos usando. Mas está bom, estamos representando todos os manifestantes que foram impedidos de chegar aqui". diz a estudante.

Dentro do Mané Garrincha, parte das arquibancadas estava vazia. Com baixa procura por parte dos torcedores durante a semana, o público do jogo foi de 40.926 torcedores, pouco mais da metade dos 70 mil ingressos colocados a venda para o jopo.

(Atualizada às 18h00).

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