Folclórico goleiro que jogava na linha põe Ceni como revolucionário com os pés

José Ricardo Leite

Do UOL, em Salvador

  • Getty Images

    Jorge Campos, ex-goleiro da seleção mexicana

    Jorge Campos, ex-goleiro da seleção mexicana

Ficar debaixo dos paus para tentar evitar gols é geralmente uma escolha de quem não tem habilidade com os pés e assim tem que procurar o caminho da "solidão" da pequena área. Ou então, acaba sendo empurrado pelos companheiros mais técnicos para dar uma ajuda no gol.

Mas esse não foi o caso de Jorge Francisco Campos Navarrete, hoje com 46 anos e comentarista de jogos de futebol da TV Azteca, do México. Se trata do folclórico goleiro mexicano Jorge Campos, que participou das Copas do Mundo de 1994, 1998 e 2002.

Jorge tem uma trajetória totalmente atípica no futebol: começou como jogador profissional na linha, como atacante, no tradicional time Pumas, da Cidade do México. E acabou por ir jogar no gol depois que o goleiro titular da equipe deixou o time.

Seu desempenho na linha na primeira temporada como atacante do clube foi satisfatório: marcou 14 gols. Na segunda temporada fez uma espécie de revezamento entre as duas posições. Mas ele queria mesmo era jogar no gol.

"Iniciei como atacante em Acapulco, na minha cidade natal. Joguei por dois anos como centroavante no Pumas, equipe em que comecei a carreira e depois decidi mudar para o gol. Mas eu queria mesmo era ser goleiro", lembra.

Virou goleiro titular da seleção mexicana, mas ainda assim mesclou as duas funções em algumas das equipes que passou. Durante sua passagem pelo Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos, por exemplo, usava a camisa número 9 no gol. E frequentemente via a entrada do goleiro reserva na vaga de um jogador da linha para se aventurar ao ataque.

Jorge é o quarto goleiro na história do futebol que mais marcou gols, com 40 tentos, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol. Tem 69 gols a menos que o líder absoluto do quesito, o brasileiro Rogério Ceni, do São Paulo.

Questionado quem era melhor com a bola nos pés entre ele e o arqueiro do time do Morumbi, o mexicano deu um sorriso e não quis responder. Mas colocou o brasileiro como um dos "revolucionários" no futebol depois da mudança de regra em que goleiros não poderiam mais pegar bolas recuadas com as mãos e tiveram que jogar com os pés. E depois se derreteu de elogios ao são-paulino.

Grandes defesas de goleiro
Grandes defesas de goleiro

"Acho que Rogério Ceni, Chilavert e Higuita foram os melhores a jogar com os pés e ajudaram muito para que os goleiros pudessem ter um melhor controle de bola depois da mudança de regra em que tiveram que jogar mais com os pés. Foram essenciais nessa mudança", falou.

"Ele (Rogério) tem o recorde de gols feitos como goleiro. Isso não é fácil. É algo muito especial. Não é qualquer pessoa que faz esse número de gols como goleiro. Poucos goleiros têm gols anotados. Nós costumamos tomar, e não fazer. Ele joga há muito tempo e no mesmo no clube ainda e nunca saiu. É algo admirável também", falou.

Apesar de exaltar Rogério pelos seus feitos, Jorge Campos não colocou o brasileiro entre os melhores do mundo na atualidade. Mas citou outro arqueiro do país entre seus top 3 do futebol mundial.

"Bem, vemos que as estatísticas dizem que é Iker (Casillas). É um goleiro que revolucionou muito, ganhou muitos torneios importante. Ele ganhou tudo, poucos goleiros tiveram essa mesma oportunidade. Julio César também esteve bem por muitos anos. São goleiros diferentes. Cech também é um ótimo goleiro. E o mexicano Corona também fez jogos muito bons pelas eliminatórias."

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