Torcedores abrem cartazes após jogo no Maracanã e se juntam a protestos no centro do Rio
Vinicius Mesquita e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Vinicius Mesquita/UOL
Torcedores aderem aos protestos após a partida entre Espanha e Taiti
A Espanha pode ter animado os torcedores durante a goleada por 10 a 0 sobre o Taiti, no Maracanã, nesta quinta-feira, mas, para boa parte dos fãs, o melhor ainda não tinha começado. Assim que deixaram o estádio, manifestantes puderam abrir livremente seus cartazes de protestos e caminhar em direção ao centro do Rio.
"O pessoal da Fifa pegou meu cartaz, mas eles foram bem compreensivos e me entregaram ao final da partida", disse o estudante Pedro Drago, 21 anos. "Tinha muita gente com cartaz dentro do estádio, uns conseguiram mostrar, eu não. Sou contra o vandalismo, mas não podemos mais ficar com a bunda no sofá. Vamos para as ruas."
Nos arredores do Maracanã e nas principais vias de acesso ao centro da cidade era possível encontrar grupos de torcedores gritando "sem violência, sem violência!" e expondo os minúsculos cartazes com frases como "Não quero guerra nem pães", "Tem tanta coisa errada que não cabe em um cartaz" ou "meu partido é o coração partido".
Alguns torcedores pareciam constrangidos por terem assistido a uma partida de futebol de um evento da Fifa, uma das vilãs preferidas dos manifestantes.
"Pode parecer contradição em vir ao estádio, mas protestar num jogo da Copa das Confederações dá mais visibilidade", explicou o estudante Daniel Barbosa, 25 anos, que veio ao estádio com Fernanda Stam, publicitária. "Lá dentro, havia muita gente protestando, muito cartaz."
Os dois tinham planejado acompanhar os protestos de seu epicentro, na Candelária, entretanto, foram presenteados com dois ingressos para o jogo no Maracanã e mudaram os planos.
Nicolas de Luca Santos, 19 anos, fã do futebol espanhol, retirou a camisa da Fúria para mostrar outra, cheia de recados contra a aprovação da chamada PEC 37 e a corrupção.
"A tarifa de ônibus realmente não era tudo", afirmou Luca. "O povo quer muito mais. Mesmo quem veio ao jogo hoje estava protestando. Também queremos escola, transporte e hospital 'padrão Fifa'."